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PF prende três homens por suspeita de ajudar detentos do Acre que fugiram do presídio federal de Mossoró

A Polícia Federal prendeu três homens suspeitos de ajudar os dois fugitivos do presídio federal de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. Eles foram detidos nesta quarta-feira em uma comunidade de Baraúna (RN), cidade vizinha à penitenciária, conhecida por ser um ponto de tráfico de drogas. O município faz divisa com o Estado do Ceará.

Um suspeito foi preso temporariamente – ele passou por audiência de custódia nesta quinta-feira, 22, e teve a prisão mantida pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte; e os outros dois foram detidos em flagrante por porte de drogas e armas com a numeração raspada. A identidade deles não foi revelada. Os agentes também apreenderam um carro, que passará por perícia.

As autoridades suspeitam que eles emprestaram o veículo aos foragidos, que foram identificados como Deibson Nascimento, o Deisinho, e Rogério Mendonça, o Tatu. Nascidos no Acre, eles são considerados criminosos de “alta periculosidade” e possuem vínculos com o Comando Vermelho, facção criminosa que nasceu no Rio de Janeiro, mas se expandiu pelas regiões Norte e Nordeste do país.

Conforme investigações do Ministério Público do Acre, Deibson seria um dos fundadores da facção no Estado que domina rotas de tráfico de cocaína na fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru. — Eles são presos de altíssima periculosidade e fazem parte do núcleo operacional da facção no Acre. Não há notícia que tenham alto poder aquisitivo, mas são conhecidos pela violência, por executarem as ações — disse o promotor Bernardo Albano, responsável pelo pedido de transferência da dupla para o presídio federal.

Numa fuga inédita registrada no sistema penitenciário administrado pelo governo federal, Nascimento e Mendonça escaparam da unidade de Mossoró na última quarta-feira, dia 14 – abriram um buraco na cela por meio do vão da luminária e depois cortaram o alambrado com um alicate. Desde então, mais de 500 homens da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícias Militares do Rio Grande do Norte e Ceará realizam uma operação para recapturá-los – por enquanto, sem sucesso.

As autoridades têm seguido os vestígios que eles deixaram pelo caminho, como pegadas e roupas. Também foi atrás dos sítios por onde eles passaram na zona rural de Mossoró e Baraúna, no interior do Rio Grande do Norte – a região é conhecida pela produção de frutas, como melancia, melão e mamão. Em um desses locais, os presos roubaram um celular e ligaram para algumas pessoas para pedir auxílio.

Os investigadores não acreditam que o plano de fuga tenha sido premeditado e contado com um resgate bancado pelo Comando Vermelho. Isso porque a dupla teria entrado em conflito com lideranças da facção durante uma rebelião ocorrida no presídio Antonio Amaro Alves, em Rio Branco, que terminou com a morte de cinco presos e um agente penitenciário ferido, em setembro de 2023 – essa ocorrência motivou a transferência deles para o presídio federal de Mossoró. Apesar da rixa interna, os dois têm tentando contatar criminosos da região para ajudá-los na fuga.

Ao GLOBO, a prefeita de Baraúna, Divanize Oliveira, afirmou que o clima na área rural da cidade é de “apreensão e medo”. — Lá, as pessoas têm fechado o comércio mais cedo. Temos mais de 20 vias de saída para o Ceará — disse ela. O maior receio das forças policiais é que os dois presos tenham acesso a um carro e consigam sair do Estado – o nome deles foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol. Para impedir essa evasão, a PM e a PRF montou bloqueios em diversas estradas que ficam em um raio de 15 quilômetros do presídio. Carros e pedestres estão sendo revistados.

Nesta quinta-feira – nono dia de buscas -, um comboio com 100 homens da Força Nacional chegou à região para reforçar a operação. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, considera a ação de recaptura da dupla como prioridade número um da pasta que ele assumiu no início de fevereiro.

Em reunião fechada com os policiais no último domingo, o secretário Nacional de Políticas Penais (Senappen), André Garcia, pediu que os fugitivos sejam presos “com vida”. A gestão Lewandowski teme que o caso tenha o mesmo desfecho da caçada ao assassino Lázaro Barbosa, que foi morto, em Goiás, após 20 dias de buscas.

O Globo

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