No Brasil, mulheres são mais escolarizadas que os homens, de acordo com dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (8). Entre a população com 25 anos ou mais, elas somam 21,3% das pessoas que têm o nível superior completo, contra 16,8% dos homens. As disparidades mais expressivas, no entanto, aparecem ao fazer um recorte por cor ou raça: o número de mulheres brancas graduadas era o dobro das pretas ou pardas — 29% e 14,7%, respectivamente.
A desigualdade entre homens brancos e negros com ensino superior foi ainda maior: 24,9% contra 10,3%.
Mulheres e homens entre 18 e 24 anos
Os dados apontam que na faixa etária de 18 a 24 anos mulheres tinham uma frequência escolar de 32,6%, enquanto a taxa masculina foi de 28,1%. Porém, também há uma desigualdade por cor ou raça no acesso a educação de mulheres. Enquanto cerca de 39,7% das autodeclaradas brancas nesta idade estudavam, entre as pretas ou pardas essa proporção era de 27,9% — uma diferença de 12 pontos percentuais.
A maior diferença se deu entre mulheres brancas (39,7%) e homens pretos ou pardos (24,6%) em 2022, grupo com o menor percentual de frequência escolar observado. A disparidade é 50% acima do diferencial mensurado em 2016.
Qual é significado da palavra Censo?
A palavra vem do latim census e quer dizer “conjunto dos dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, província, estado, nação”.
Para que serve o Censo?
O Censo, realizado a cada dez anos, é a mais ampla pesquisa sobre a população brasileira e é feita mediante visita ou coleta de informações em todos os domicílios do país.
O levantamento é usado como base para diversas políticas públicas, como distribuição de vacinas, e também como critério para repasses de recursos da União para municípios. É ainda a base para pesquisas eleitorais e investigações acadêmicas.
Por que o Censo do IBGE é tão importante?
Perfil da população
O Censo é o único levantamento no Brasil que é capaz de trazer com riqueza de detalhes os dados de todos os municípios do país.
Vacinas e remédios
- O Censo é crucial para a distribuição de vacinas e remédios, para definir o tamanho do serviço de atenção primária a saúde e o número de leitos por habitante. Até agora, o Brasil vinha usando dados defasados, de 2010. Assim, poderia faltar ou sobrar vacinas e medicamentos, dependendo da migração, mortalidade e natalidade de cada cidade.
Pesquisas eleitorais
- Para estabelecer quem será entrevistado, as pesquisas eleitorais consideram o perfil da população, por idade, região, renda e sexo. Esse retrato da população estava defasado 12 anos. O último censo aconteceu em 2010.
Pessoas com deficiência
- Só o Censo detalha as deficiências, o nível e as condições socioeconômicas dessa população.
Previdência Social
- A concessão de benefícios e a previsão de gastos futuros da Previdência têm como base a população, a distribuição por idade e a expectativa de vida dos brasileiros, também calculada com dados do Censo.
Déficit habitacional
- O Censo permite calcular quantas famílias estão sem moradia, em lares precários ou com custo muito alto de aluguel. Desde 1995, a Fundação João Pinheiro calcula o déficit habitacional por município para o governo federal. Atualmente, usa o Cadastro Único, também desatualizado.
Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
- Os municípios recebem repasses de recursos federais de acordo com a população que é estimada anualmente pelo IBGE, com base no Censo. Como há 12 anos o país não fazia este levantamento, os números estão defasados, o que compromete as estimativas e o orçamento das cidades.
População indígena e povos tradicionais
- Só o Censo consegue fazer uma captura mais completa e detalhada desses grupos.