Em uma mensagem direcionada aos membros da Câmara Municipal de Rio Branco, a conselheira do Tribunal de Contas do Acre, Naluh Gouveia, manifestou seu desagrado em relação à concessão do Título de Cidadão Rio-branquense ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).
A conselheira argumentou que, segundo o Decreto Legislativo Nº21/2019, a honraria é destinada a pessoas que realizaram atividades culturais, políticas, científicas ou sociais em benefício do município, algo que, segundo ela, não se aplica ao ex-presidente.
“Arrisco em afirmar que a gestão do ex-presidente foi marcada por discursos controversos e insensibilidade no trato a diversas áreas”, declarou.
Ela ressaltou a ausência de um comprometimento substancial de Bolsonaro com o desenvolvimento e bem-estar da população de Rio Branco durante seu mandato, o que, em sua opinião, não justifica a entrega da honraria.
“Conceder-lhe o título de cidadão rio-branquense é uma afronta aos valores e princípios que nossa comunidade preza. Em vez de honrar aqueles que verdadeiramente contribuíram para o progresso e o fortalecimento de nossa cidade, esta decisão envia uma mensagem equivocada e desrespeitosa aos cidadãos da capital acreana”, disse a conselheira.
Entrega de título
A Câmara Municipal de Rio Branco promove nesta sexta-feira, 22, uma sessão solene para entregar o Título de Cidadão Rio-branquense a Bolsonaro, que chega à capital do Acre na noite desta quinta, 21, acompanhado da esposa, Michelle Bolsonaro.
A cerimônia está agendada para as 10h da manhã, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac).
A homenagem foi aprovada por unanimidade em novembro de 2023, por iniciativa do vereador João Marcos Luz, anteriormente do MDB e, recentemente, filiado ao Partido Liberal.
Veja carta na íntegra:
Aos prezados membros da Câmara Municipal de Rio Branco,
Sirvo-me do presente para expressar meu profundo descontentamento em relação à decisão de conceder o título de cidadão rio-branquense ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao conceder tal honraria, é imprescindível considerar as ações relevantes que um indivíduo realizou em benefício do município.
Deste modo, recorro ao Decreto Legislativo Nº21/2019 deste parlamento, no qual versa que a entrega do título se dá “a pessoas físicas nacionais e estrangeiras radicadas no país, que tenham realizado atividades culturais, políticas, cientificas ou sociais, ou que comprovadamente, promoveram benfeitorias à população do município de Rio branco.”
Entretanto, arrisco em afirmar que a gestão do ex-presidente foi marcada por discursos controversos e insensibilidade no trato a diversas áreas. Em nenhum momento durante seu mandato, Bolsonaro demonstrou um comprometimento substancial com o desenvolvimento e bem-estar da população de Rio Branco, que justifique a entrega da honraria.
Saliento, portanto, que conceder-lhe o título de cidadão rio-branquense é uma afronta aos valores e princípios que nossa comunidade preza. Em vez de honrar aqueles que verdadeiramente contribuíram para o progresso e o fortalecimento de nossa cidade, esta decisão envia uma mensagem equivocada e desrespeitosa aos cidadãos da capital acreana.
Espero que esta nota seja considerada como um reflexo da voz daqueles que se sentem desapontados com esta escolha e que medidas sejam tomadas para reverter esta decisão lamentável.
Naluh Maria Lima Gouveia