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‘Sensação de desespero’, diz idoso que chegou sozinho ao Parque de Exposições para se abrigar pela 1ª vez

'Sensação de desespero', diz idoso que chegou sozinho ao Parque de Exposições para se abrigar pela 1ª vez

Foto: Leandro Chaves

O autônomo Damião Bithes de Lima, de 62 anos, mora desde 1992 na Rua São Paulo, bairro Taquari, em Rio Branco. Em 1997, ele enfrentou sua primeira enchente, quando o Rio Acre alcançou os 17,66 metros – maior nível registrado até 2015.

De lá para cá, o trabalhador ficava na casa de amigos e familiares, até a situação se normalizar. Porém, o mesmo não aconteceu neste ano, e o idoso, que vive sozinho, se viu obrigado a recorrer aos abrigos montados no Parque de Exposições.

Damião chegou ao local na terça-feira, 27, deixando vários móveis para trás. “Só trouxe o básico”, lamentou o desabrigado. “É uma sensação de desespero sair de casa sem saber como tudo vai estar quando eu voltar”.

Ele é uma das mais de 2 mil pessoas alojadas no espaço desde o início desta alagação, que já atinge mais de 40 bairros só em Rio Branco. “Por aqui, a rotina é razoável. O que a gente vê é o poder público fazendo o que pode”.

O idoso levou o próprio colchão e diz que tem dormido bem, apesar do barulho da meninada. “O que eu mais quero nesse momento é uma casa nova, longe da alagação. Uma cama e geladeira também seriam de grande ajuda. Isso é tudo o que eu preciso”.

O transbordamento do Rio Acre na capital já dura mais de uma semana, sem sinal de vazante. Enquanto isso, o número de famílias atingidas não para de subir. Cerca de 60 mil pessoas foram afetadas pela cheia até o momento. Mais de 3 mil pessoas estão desabrigadas e mais de 11 mil desalojadas, ou seja, que foram levadas para casas de parentes.

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