Uma pesquisa do cientista político Robson Carvalho, doutorando da Universidade de Brasília (UnB), traça um raio-x da composição do Senado Federal desde a redemocratização do Brasil, após mais de duas décadas de ditadura militar.
Segundo o levantamento do pesquisador, de 1986 até 2022, somente quatro mulheres negras foram eleitas senadoras, entre elas a acreana Marina Silva. A atual ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima ocupou assento na mais alta câmara legislativa do país por dois mandatos consecutivos, pelo PT, entre 1995 e 2010.
Além de Marina, passaram pela chamada casa revisora as senadoras Benedita da Silva (PT-RJ), Eliziane Gama (PSD-MA) e Fátima Cleide (PT-RO). Elas integram um seleto grupo de 44 mulheres que ocuparam cadeira no Senado nos últimos 36 anos.
Por outro lado, o número de assentos comandados por homens, desde a redemocratização, chega a 363 – ou 89% do total.
“São resultados indicativos da reprodução das desigualdades políticas e prejuízos ao recrutamento institucional, à igualdade de disputa, à representação de gênero e raça e à edificação de uma democracia plural”, avalia o especialista, em artigo.
Natural de Rio Branco, Marina veio das bases sociais e conseguiu se eleger senadora, em 1994, sem grandes aparatos.
Ela despontou politicamente ao lutar em prol dos trabalhadores, entre eles os rurais – Marina nasceu em um seringal e foi amiga do líder seringueiro Chico Mendes, com quem saiu em dobradinha para deputada federal e deputado estadual nas eleições de 1986, sem sucesso.