O Acre sedia em abril, mês de visibilidade da luta dos povos indígenas, a primeira edição do Festival Cinema Indígena Itinerante: FestCine Originários.
Com uma programação vasta, que contempla desde exibições de produções indígenas a formações e debates, FestCine Originários vai realizar atividades nos municípios acreanos de Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.
O lançamento será no dia 6 de abril, na Aldeia Ipiranga, situada na Terra Indígena do Povo Puyanawa, em Mâncio Lima – cidade mais ocidental do Brasil.
Idealizado pelo produtor cultural Moisés Alencastro, o FestCine Originários emerge como uma plataforma singular, enraizada na visão e no compromisso de seus curadores: o cineasta indígena Wewito Piyâko [povo Ashaninka], o cineasta premiado Sérgio de Carvalho e a produtora audiovisual Rose Farias.
“O festival é uma celebração da vida, da arte e da conexão entre todos os seres vivos neste planeta que chamamos de lar”, destaca Moisés Alencastro.
O projeto, que apoiado pelo governo federal e Prefeitura de Rio Branco, por meio do Ministério da Cultura e Fundação Municipal de Cultura (FGB), com financiamento da Lei Paulo Gustavo, pretende ecoar as vozes e narrativas dos povos originários, tecendo um panorama abrangente da produção audiovisual que transcende fronteiras étnicas e culturais. Entre os destaques da programação, está a exibição dos filmes “A Flor do Buriti”, que foi premiado no Festival de Cannes em 2023, e “A Invenção do Outro”, premiado como melhor documentário no San Diego Latin Film Festival de 2024.
As atividades gratuitas pretendem conectar o público com as diversas realidades, perspectivas e experiências presentes nas obras exibidas, além de aproximar a população não indígena ao universo da cultura originária, com produções audiovisuais indígenas produzidas no Acre, ainda pouco conhecidas pela população local.
O FestCine Originários agrega a participação de jovens artistas indígenas de diferentes povos do Acre, que vivem em contexto urbano, e participarão das exposições de artesanatos e shows artísticos.
“O FestCine Originário será um espaço de celebração e reflexão sobre a pluralidade e profundidade das culturas indígenas, através da exibição de uma ampla gama de filmes. Ao destacar obras tanto de cineastas indígenas quanto não indígenas, o evento visa promover um diálogo inclusivo e enriquecedor sobre as histórias, tradições, desafios e visões de futuro das comunidades indígenas. Com sessões itinerantes em territórios indígenas e urbanos, busca-se ampliar o alcance e a compreensão dessas narrativas inspiradoras”, destaca o idealizador do projeto, Moisés Alencastro.
O FestCine Originários tem como apoio Made in Acre, Casa Akre, Deputado Edvaldo Magalhães, Saci Produções, Jornal Varadouro, Comitê Chico Mendes, Associação Ashaninka do Rio Amônia, Tetepawa Comunica, Restaurante AFA, Rosas Farma, Yoga Center, Estetic Face, Clínica Suzy Aragão e Ponto Sem Nó.
Rodas de conversa
A cada sessão, um bate-papo enriquecedor que vai contar com a participação de três lideranças indígenas e protagonistas do cinema brasileiro: José Kaeté, Francisco Hyjnõ Krahô e Edivan Guajajara. Abaixo, conheça um pouco sobre cada um dos convidados:
Edivan Guajajara – Natural da aldeia Zutiwa, localizada na Terra Indígena Arariboia (Maranhão, Brasil), Edivan Guajajara é um dos idealizadores da Rede de Comunicação Mídia Indígena. Como ativista e cineasta, ele cria fotografias e documentários centrados nas perspectivas dos povos indígenas, mostrando sua luta pela proteção da terra e defesa da Mãe Terra. Como designer e editor de vídeo, usa seu dom para criar obras de arte que dão visibilidade à luta permanente dos povos indígenas brasileiros, um povo que resiste há 521 anos. Edivan é um dos diretores do longa “Guardiões da Floresta”, que será exibido na programação do FestCine Originários.
José Kaeté – indigena do povo kaeté-tupinambá do Pará, ativista, engenheiro de produção, fotógrafo amador e criador de conteúdos no @zenarede sobre os diferentes contextos da Amazônia e das pautas do movimento indígena como fruto da sua história e dos mais de 10 anos trabalhando com comunidades tradicionais na Amazônia. É produtor do filme “O Território”, que também será exibido no FestCine Originários.
Francisco Hyjnõ Krahô – Indígena do povo Krahô, é roteirista e ator do longa “A Flor de Buriti”, que foi premiado no Festival de Cannes 2023, na França. O filme aborda a luta do povo indígena Krahô pelas suas terras, no norte do Tocantins, e as diversas formas de resistência travada por eles nos últimos 80 anos.
Para mais informações sobre o evento, siga o instagram @festcineoriginarios.