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FestCine Originários leva cinema indígena para escolas públicas de Rio Branco; programação se estende até sábado

Escola Manuel Tiago Lindoso

Mais que proporcionar entretenimento, o FestCine Originários tem buscado despertar o senso crítico de estudantes acreanos, a partir da realização de sessões itinerantes de cinema indígena em escolas públicas do Acre.

Lançado no Vale do Juruá, mais especificamente na Aldeia Ipiranga, do Povo Puyanawa, em Mâncio Lima, o festival chegou a capital acreana com uma programação extensa, que engloba oficinas, homenagens, participação de convidados especiais de outros estados brasileiros e, claro, a exibição de filmes ilustres e premiados.

Em Rio Branco, as duas primeiras exibições foram realizadas nas escolas Manuel Tiago Lindoso e Anice Dib Jatene. Além de apreciar a obra de cineastas e atores indígenas, o público escolar participou de um super bate-papo com a liderança do povo Huni Kuin, Yube Yawa Mapu. A pintura dos gravuras ancestrais originárias, conhecidas como kenês, foram uma atração a parte nas sessões.

Para o diretor da escola Anice Dib Jatene Antônio Torres, leva cultura e conhecimento às escolas. “A nossa cultura, a cultura indígena, a cultura do Acre mesmo, ela precisa chegar aos espaços e as escolas são ambientes propícios de grande oportunidade. E nós, enquanto escola, ficamos muito felizes porque no nosso planejamento nós criamos vários projetos, como o teatro na escola, o cinema na escola, a música na escola, procurando exatamente todos esses profissionais, esses talentos que podem ser despertados nos nossos alunos”, frisou o gestor.

Idealizado pelo produtor cultural Moisés Alencastro, o festival emerge como uma plataforma singular, enraizada na visão e no compromisso de seus curadores: o cineasta indígena Wewito Piyâko [povo Ashaninka], o cineasta premiado Sérgio de Carvalho e a produtora audiovisual Rose Farias.

“Está sendo muito rica essa experiência. Estamos no mês da luta dos povos originários e o evento reforça isso. Além da nossa programação cinematográfica, de audiovisual, o coletivo de lideranças indígenas bate um papo com os estudantes após a exibição dos filmes, num momento de troca e aprendizado”, explica o produtor.

Programação 

Em Rio Branco, a programação segue a todo vapor. Na sexta-feira e sábado, 19 e 20, o FestCine Originários vai ocupar o Museu dos Povos Acreanos. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público.

As atividades gratuitas pretendem conectar o público com as diversas realidades, perspectivas e experiências presentes nas obras exibidas, além de aproximar a população não indígena ao universo da cultura originária, com produções audiovisuais indígenas produzidas no Acre, ainda pouco conhecidas pela população local.

O projeto, que apoiado pelo governo federal e Prefeitura de Rio Branco, por meio do Ministério da Cultura e Fundação Municipal de Cultura (FGB), com financiamento da Lei Paulo Gustavo, pretende ecoar as vozes e narrativas dos povos originários, tecendo um panorama abrangente da produção audiovisual que transcende fronteiras étnicas e culturais. Entre os destaques da programação, está a exibição dos filmes “A Flor do Buriti”, que foi premiado no Festival de Cannes em 2023, e “A Invenção do Outro”, premiado como melhor documentário no San Diego Latin Film Festival de 2024.

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