O juiz Alesson Braz, da 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar da Comarca de Rio Branco, retirou o sigilo do processo sobre o trágico caso da cantora Nayara Vilela, encontrada morta em casa no dia 24 de abril do ano passado, na capital acreana. O caso corria até então em segredo de Justiça.
O marido da artista, o empresário Tarcísio Araújo, foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) pelo crime de feminicídio. Conforme o processo, a defesa dele entrou com pedido de justiça gratuita e trancamento da ação penal, que foram negados pelo magistrado.
O MP-AC foi contrário à concessão de justiça gratuita e pediu ainda que fosse levantado o segredo de justiça do processo. Segundo o órgão, o objetivo era permitir o “acompanhamento da sociedade ao caso que tanto chamou a atenção da opinião pública no ano de 2023, inclusive em âmbito nacional.”
Na decisão que retirou o sigilo, o juiz deferiu a oitiva das testemunhas arroladas pelo Ministério Público e pela defesa e determinou que seja marcada a audiência de instrução e julgamento para ouvir as testemunhas e interrogar o réu.
O empresário responde pela seguinte acusação:
“Na noite de 24 de abril de 2023, por volta das 20h, no interior de um imóvel residencial, localizado na Estrada das Placas, bairro Wanderlei Dantas, nesta cidade [Rio Branco], o denunciado, de qualquer modo, com dolo eventual, por razões da condição de sexo feminino (feminicídio), concorreu para a morte da vítima Nayara Vilela de Jesus, quando esta, empunhando uma arma de fogo, tirou sua própria vida, produzindo em si as lesões descritas no Laudo Cadavérico, que foram causa eficiente de sua morte”, diz trecho da denúncia, que foi aceita pela Justiça.
A morte de Nayara teve ampla divulgação na imprensa, especialmente após a divulgação de vídeos que mostravam momentos de discussão entre a cantora e o marido, minutos antes da tragédia. A Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) conduziu as diligências ao longo de meses, culminando no indiciamento do esposo de Nayara por feminicídio.