A saída repentina e por vontade própria da deputada federal Socorro Neri da direção do Progressistas em Rio Branco pode indicar que o comando geral do partido no Acre está prestes a fechar decisão sobre abrir mão da pré-candidatura de Alysson Bestene, que não consegue emplacar nas pesquisas de intenção de votos.
E a investida contra a autoridade que Neri exercia sobre o PP na capital pode ser ainda mais dura: o recuo do partido deve sinalizar uma futura composição com Marcus Alexandre (MDB) ou Tião Bocalom (PL), que lideram a pré-corrida eleitoral. Ela não possui boa relação com ambos.
Uma das maiores articuladoras da pré-candidatura de Bestene, Socorro Neri viu, ao longo deste ano, sua própria agremiação agir de forma dúbia sobre os rumos do partido nas eleições de outubro.
No início de março, por exemplo, em meio a boatos de que o atual secretário de Governo estaria sendo rifado, os caciques do PP preferiram o silêncio, vindo a se manifestarem somente em meados daquele mês, reafirmando a escolha.
Novas especulações nesse sentido surgiram dias depois e a sigla, mais uma vez, demorou a desmenti-las, esperando o lançamento da chapa de pré-candidatos a vereadores, no início de abril, para confirmar, pela terceira vez, o nome de Bestene.
Menos de uma semana depois, quando várias peças do tabuleiro fizeram importantes movimentações (como os apoios do União Brasil a Bocalom e do PSD a Marcus Alexandre), o partido voltou a colocar em dúvida sua posição nas eleições.
Primeiro, fez contato com o gabinete de Bocalom e pediu que este enviasse um representante à sede do partido, em um gesto de retomada do diálogo, abalado após a dramática desfiliação do prefeito. Bocalom se elegeu em 2020 pelo PP, mas foi impedido pela sigla de tentar a reeleição – o que gerou acusações dele contra Neri.
Paralelo a isso, o presidente estadual do Progressistas, governador Gladson Cameli, anunciou que também vai chamar Marcus Alexandre para a conversa, algo que, até o final do ano passado, era tido por Socorro Neri como “fora de cogitação”.
O desalinhamento entre Neri e Cameli veio à tona no final de março, quando vazou uma mensagem enviada pela ex-prefeita de Rio Branco a um grupo no WhatsApp formado por dirigentes do PP. No recado, a deputada expõe revolta com a destituição do comando do partido em Brasiléia para dar lugar ao grupo político da atual prefeita Fernanda Hassem, recém-filiada ao PP.
Em nota pública, o governador respondeu de forma firme, dizendo que cabe a ele decidir os rumos da sigla no estado e que essas decisões colocam “o bem coletivo acima dos interesses particulares”.