O senador Alan Rick, do União Brasil (UB), se viu em um beco sem saída, desde que o diretório de seu partido, em Rio Branco, anunciou, no início de abril, apoio à reeleição do prefeito Tião Bocalom. O parlamentar contava com uma pré-candidatura de Alysson Bestene (PP) na cabeça de chapa e chegou a declarar, em janeiro, o apoio de sua sigla ao cirurgião-dentista.
Uma pedra
Até aí, sem surpresas, dada a convergência política de Alan com o governador Gladson Cameli (PP), que, naquele momento, ainda propagava uma pré-candidatura própria de Bestene. Porém, no meio do caminho do ex-jornalista, havia uma pedra chamada Márcio Bittar.
Pulo do gato
O também senador pelo UB aproveitou o isolamento de Bocalom no PP para dar o pulo do gato: oferecer ao prefeito o PL, presidido, em Rio Branco, pelo filho, João Paulo Bittar, e arrastar o UB para a aliança. Tudo sob a chancela dos Rueda, que comandam a sigla nacionalmente.
No atropelo
Com o “velho Boca” devidamente filiado ao PL – em evento que contou com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro -, a ala “bittarista” do União Brasil não perdeu tempo e seguiu o plano. No entanto, faltou acertar a jogada com a direção estadual do partido (leia-se Alan Rick).
Irritado
Minutos antes do União Brasil declarar publicamente apoio a Bocalom, o ex-jornalista chegou às pressas à sede do PL, onde se reuniu a portas fechadas com Bittar e o presidente municipal do UB, Fábio Rueda, saindo de lá irritado e sem participar da coletiva de imprensa.
Caiu a ficha
Nos dias seguintes, quando caiu a ficha de que o nome de Bestene não decolaria, o mesmo PP que enxotou Bocalom, ao negá-lo espaço para a reeleição, passou a flertar com a possibilidade de embarcar na chapa PL e UB, indicando o vice – fato que se consumou neste sábado, 25.
Contraofensiva
Alan ainda tentou uma contraofensiva, ao estimular, segundo fonte da coluna, a pré-candidatura da deputada federal Socorro Neri (PP), o que tiraria o PP da iminente aliança com Bocalom e Bittar. Nesse cenário, Rick encamparia, finalmente, uma chapa de seu agrado. Sem sucesso.
Sumiu
Vencido, o senador passou longos dias evitando comentar a união de seu partido com o prefeito. Até que, na tarde de sexta-feira, 24, véspera do anúncio oficial do apoio do PP a Bocalom, o parlamentar se reuniu com a outra ala do UB para apararem as arestas.
Estranho…
No sábado, 25, o parlamentar não compareceu ao evento na sede do PP, por estar em Brasília, segundo colegas, mas mandou o assessor e suplente Gemil Junior, que deu o recado: “O senador pediu para eu dizer: ‘Estarei com o candidato que o governador Gladson Cameli estiver’”.
Engoliu seco
Ao creditar esse “apoio” à sua lealdade ao governador, e não ao próprio partido, Alan mostrou que teve de engolir seco a forma como o UB conduziu o processo, à revelia do diretório estadual. Encurralado, suas únicas opções eram esta ou abster-se de palanques na capital.
Não se bicam
Embora no mesmo partido, Alan Rick e Márcio Bittar não se bicam. Em 2022, quando este presidia o UB no Acre, o ex-jornalista acusou o colega de tê-lo destituído da vice-presidência da sigla, “de forma arbitrária”, para inviabilizar seus planos eleitorais para aquele ano.
A rixa é séria!
Para não ficar só no passado, em março deste ano, quando Bolsonaro (PL) esteve no Acre para filiar Bocalom, Alan Rick teria sido barrado em um jantar com o ex-presidente, organizado na casa de Bittar. A rixa entre os dois é séria e explica o comportamento atual do ex-jornalista.
Cauteloso
O pré-candidato a prefeito de Rio Branco Marcus Alexandre (MDB) tem sido categórico ao dizer que não passa de especulação qualquer nome que venha a surgir nos debates sobre quem será seu vice. A confirmação, segundo ele, ficará para as vésperas das convenções, em julho.
Vaga
Isso não significa que as negociações não estejam acontecendo. Dez partidos formam a aliança, com alguns já manifestando interesse na vaga, como o PSB do ex-deputado Jenilson Leite, o PCdoB do deputado estadual Edvaldo Magalhães e o PSD do senador Sérgio Petecão.
Estratégia
Muito tem se falado que esse nome pode não vir da política tradicional, mas de alguma igreja evangélica de amplo alcance, como a Assembleia de Deus. A estratégia seria desatrelar a imagem de Marcus Alexandre da esquerda, aproximando-o de um eleitorado mais conservador.