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Gladson terá de responder por cinco acusações, mas comemora oportunidade de se defender no processo

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou, na tarde desta quarta-feira, 15, todas as cinco denúncias movidas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas). Agora, o gestor sai da condição de investigado e vira réu no processo desencadeado após a terceira fase da Operação Ptolomeu, da Polícia Federal.

“Por hora”

Relatora do processo, a ministra Nancy Andrighi decidiu manter Cameli na função de governador, por entender que os crimes supostamente cometidos não se deram no exercício do atual segundo mandato. A magistrada, porém, destacou que essa decisão é de momento e pode ser revogada, a depender de eventuais “riscos à ordem pública” no decorrer do processo.

Cinco supostos crimes

O governador terá de responder por cinco acusações. São elas: dispensa indevida de processo licitatório; peculato e desvio; corrupção passiva; lavagem de dinheiro; e formação de organização criminosa. Cameli diz ter recebido com serenidade a decisão e comemorou a oportunidade que terá para se defender no processo: ‘Essa foi a primeira vez que estou sendo oficialmente ouvido’, afirmou.

Começa a guerra

Saindo da esfera técnica, vamos, agora, ao pantanoso campo da política e suas narrativas. Defensores do governador celebram a “vitória” de Cameli, devido sua permanência no cargo – que, convenhamos, pode durar até o fim do mandato. Já a oposição comemora o avanço do processo na justiça e deve partir para discursos sobre moralidade. É do jogo.

Mudando de assunto…

Estava tudo certo para o Progressistas oficializar, no último sábado, 11, o apoio à pré-candidatura à reeleição do prefeito de Rio Branco Tião Bocalom (PL). Porém, o partido do governador Gladson Cameli resolveu declinar da decisão, decidindo permanecer em diálogo com o Partido Liberal e o União Brasil (UB), casados de papel passado desde o início de abril.

Foto: Assessoria/Rueda

Cresceu o olho

O recuo se deu porque o UB, que já teve sua demanda por uma secretaria de estado atendida, teria crescido o olho para cima do governo e pedido mais uma pasta, desta vez a de Assistência Social e Direitos Humanos (Seasdh), que está sob o guarda-chuva de ninguém menos que a vice-governadora e virtual pré-candidata ao governo em 2026, Mailza Assis (PP). Aí tem coisa.

Dono da vaga

Vale lembrar que o UB é o dono da vaga de vice do Bocalom, mas está disposto a cedê-la ao PP, desde que tenha garantidos os dois espaços no governo. E para não ficar só no disse-me-disse, a coluna contatou a assessoria do presidente municipal do UB, Fábio Rueda, que não confirmou, mas também não negou a informação sobre a segunda fatura. Tirem as conclusões.

Roteiro pronto

O roteiro dessa nova investida do União Brasil estaria pronto, e quem a conta é um velho militante do partido desde os tempos de PSL, Pedro Valério. Segundo ele, querem atingir politicamente a vice-governadora, com o intuito de enfraquecê-la para 2026. “Maldade explícita. Justamente Mailza, que é 1.000% leal ao governador”, comentou, em suas redes.

Será?

Já circulam informações, ainda não confirmadas, de que o governo estaria inclinado a ceder à pressão, e que uma nova reunião entre PP, UB e PL estaria a caminho para, finalmente, sacramentar, já nos próximos dias, a união, levando o secretário de estado de Governo (Segov), Alysson Bestene (PP), para o palanque de Bocalom como pré-candidato a vice na chapa.

Rebaixado

Ao provocar a saída de Bocalom do partido, no final de fevereiro, e apostar em um pré-candidato sem musculatura eleitoral, o PP se apequenou nas mesas de negociações. Por isso, não seria de se estranhar que o governo cedesse outro espaço ao União Brasil além da futura Secretaria de Assuntos Federativos, que deve sair do papel apenas para alocar o partido.

Um dia é da caça, outro, do caçador

Por outro lado, já está mais que provado que o governador Gladson Cameli não deve ser subestimado. Sua capacidade de resolver pendengas políticas e agregar é forte. Por isso, qualquer que seja sua decisão sobre esse impasse, são grandes as chances de surgir um ás na manga para que seu governo e partido não virem presa fácil das harpias que os sobrevoam.

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