Cientistas descobriram um tipo único de coral nas águas geladas do Oceano Ártico. A descoberta da possível nova espécie foi feita por pesquisadores da Fundação Nippon-Nekton Ocean Census, durante uma missão para explorar o Ártico.
Os corais são diversificados e habitam muitos ecossistemas, desde atóis tropicais até as profundezas escuras do oceano. No caso em questão, eles se adaptaram ao ambiente extremo e vivem ao longo da borda da plataforma continental, onde a água está um pouco acima de 0ºC, demonstrando coevolução nas profundezas do mar.
Nova espécie
A potencial nova espécie foi encontrada vivendo no caule de um crinóide, conhecido como lírio-do-mar. A equipe partiu de Tromsø, na Noruega, no navio RV Kronprins Haakon em 3 de maio e está finalizando a expedição.
“Vimos muito poucos corais desde que chegamos aqui no Ártico. No mergulho de hoje, vimos muitos desses crinóides crescendo, e o que encontramos nessa crinoide é um coral vivendo no caule do crinoide. É quase certamente uma nova espécie”, explica o professor Alex Rogers, investigador principal da Ocean Census, em comunicado.
“Isso realmente demonstra a coevolução nas profundezas do mar, mas também como o veículo operado remotamente [ROV] é eficaz. Obtemos os espécimes em condições tão boas que esses tipos de relações são realmente preservados”, complementa Rogers.
O coral é apenas uma das muitas descobertas da recente expedição, que também explorou a Cordilheira Svyatogor, uma área rica em fontes hidrotermais a 3.700 metros de profundidade. O local tem alta presença de metano e enxofre e o ROV da equipe investigou diversas comunidades quimiossintéticas, incluindo vermes tubulares e moluscos bivalves.
Esse ambiente enfrenta ameaças das mudanças climáticas e possíveis minerações em águas profundas. Para a realização da missão, os pesquisadores utilizaram técnicas modernas, como análise de eDNA e aprendizado de máquina, que são consideradas cruciais para expandir o conhecimento científico e preservar esses ecossistemas delicados.
O coral foi encontrado vivendo no caule de um lírio-do-mar — Foto: Ocean Census & Martin Hartley
Jan-Gunnar Winther, pró-reitor de Pesquisa e Desenvolvimento da UiT The Arctic University of Norway e Diretor Especialista do Instituto Polar Norueguês localizado em Tromsø, enfatiza a importância de compreender todos os aspectos do ecossistema. Ele destaca que as novas ferramentas disponíveis, como a análise de eDNA, bem como os avanços em taxonomia e o aprendizado de máquina, estão permitindo descobertas que anteriormente estavam fora do alcance. Essas inovações representam meios sofisticados de reunir informações essenciais.
“Com nossas capacidades atuais de reunir grandes quantidades de dados e consolidá-los de forma eficaz, existe um potencial tremendo. Se esses dados forem acessíveis e amplamente compartilhados, não apenas por aqueles que os coletaram, isso poderia ter um impacto profundo no entendimento científico”, conta Winther.
Fonte: Revista Galileu