A deputada federal Socorro Neri, do Partido Progressistas (PP), fez um pronunciamento contundente em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 3, em Rio Branco. Ela denunciou que vem sofrendo violência política e machismo no âmbito do seu próprio partido.
“É inaceitável enfrentar violência política perpetrada por dirigentes locais do meu próprio partido. Essas ações têm por objetivo minar não apenas a minha integridade, mas também a democracia e a representatividade feminina na política”, afirmou a deputada.
O anúncio surge em meio a uma série de movimentos políticos dentro do PP, marcados por disputas internas e alianças controversas.
Desde o ano passado, o PP tem sido palco de intensas negociações políticas, que incluíram lançamentos de pré-candidaturas e desfiliações, como a do prefeito Tião Bocalom, que agora é filiado ao PL.
A possível pré-candidatura de Alysson Bestene foi inicialmente promovida pelo partido, mas enfrentou resistência e dúvidas em relação à sua viabilidade eleitoral, especialmente após publicações de pesquisas desfavoráveis.
Nesse contexto de incertezas e alianças partidárias cambiantes, o PP chegou a flertar com diferentes candidaturas e a considerar planos alternativos, como a indicação de Alysson Bestene como vice de Tião Bocalom.
Essa situação levou a uma reviravolta: a mudança de posição da deputada Socorro Neri, que inicialmente havia recusado ser candidata e manifestado apoio a Alysson. Na segunda-feira, 29, ela disse que colocou seu nome à disposição do partido para disputar a prefeitura da capital.
Essa decisão de Neri gerou controvérsias e mal-estar dentro do PP, especialmente com o governador Gladson Cameli, líder da sigla no estado. Embora Cameli não se oponha à candidatura de Neri e reconheça sua capacidade política, ele demonstrou descontentamento com a indecisão da parlamentar, que anteriormente havia declinado do convite para concorrer.
Em sua coletiva de imprensa, Socorro Neri não apenas fez graves denúncias de abusos dentro do PP, como também anunciou sua retirada do cenário das eleições municipais de 2024.
“Após cuidadosa reflexão, decidi não ser candidata à prefeitura de Rio Branco. Esta decisão não foi fácil, mas sinto-me obrigada a não me candidatar diante do ambiente hostil e machista que enfrento dentro do meu próprio partido. É inaceitável que mulheres políticas sejam submetidas a esse tipo de tratamento”, afirmou Socorro.
Seguir como deputada federal
Socorro Neri defendeu o fortalecimento do Partido Progressistas na capital do estado, mas expressou sua discordância em relação à reeleição do atual prefeito, Bocalom, e à possível indicação de Alysson Bestene, também do PP, como vice.
“Ao defender que o Partido Progressistas tenha candidato próprio à prefeitura de Rio Branco, estou defendendo o fortalecimento do partido. Sem candidato próprio, o PP perderá a oportunidade de eleger um número expressivo de vereadores e começará a perder representatividade perante a sociedade”, argumentou a deputada.
Neri concluiu seu pronunciamento reiterando sua disposição em lutar contra a violência política e em promover um ambiente político justo e inclusivo para todas as mulheres.
“Seguirei firme no mandato como deputada federal pelo bem comum que estou desempenhando. Ao mesmo tempo voltarei minha atuação também para que os partidos políticos se reconfigurem, de modo a se tornarem, de fato, espaços de exercício da democracia e de promoção da participação política de todos os segmentos sociais, dentre eles as mulheres”, afirmou.