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Prefeita de Tarauacá precisa falar melhor com Deus para entender o certo e o errado

Foto: Reprodução

A mensagem, desta vez, não veio dos céus, mas da Justiça terrena: a prefeita de Tarauacá, Maria Lucinéia, do PDT, tem pouco menos de 30 dias para exonerar, da administração pública municipal, a ruma de parentes seus e do vereador Francisco Feitoza Batista, tio de seu marido. Se não o fizer, terá de pagar multa diária de R$ 1.500 por cargo não exonerado.

Na mira

Estão na mira a irmã da prefeita, Maria Lucicléia, que ocupa o cargo de secretária de Educação; a prima da gestora, a secretária de Cultura Geânia Maria Portela Souza; além das duas filhas e a esposa do vereador “Chico Batista”, todas com bons cargos de confiança no Município.

Em família

Chico é tio do ex-deputado federal Jesus Sérgio (PDT) e, na época das nomeações, presidia a Câmara de Tarauacá. Em 2022, o MP já havia alertado a prefeita para as práticas de “nepotismo” e “nepotismo cruzado” nas contratações, mas os familiares seguem em seus cargos.

Como explicar?

Com mais de 43 mil habitantes, Tarauacá é a 3ª cidade mais populosa do Acre, atrás apenas de Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Não é possível que um município dessa importância não tenha quadros capazes de assumir as funções exercidas pelos parentes da prefeita e de seu esposo.

Conselho divino

Maria Lucinéia, que diz receber revelações divinas sobre seu futuro político, como a própria reeleição em outubro deste ano, talvez precise ouvir melhor seu Deus. É possível que Ele tenha algum conselho ou orientação sobre o certo e o errado no trato com a coisa pública.

Mistério

Segue o mistério acerca do vice de Marcus Alexandre, do MDB. A mais nova é que há um segmento no partido que defende o nome do ex-deputado federal Flaviano Melo, o que formaria mais uma chapa puro-sangue na disputa – a outra é a de Emerson Jarude (Novo).

“500” mandatos

Flaviano é “macaco velho” na política acreana e carrega nas costas o peso de “quinhentos” mandatos. Porém, em 2022, quando tentou emplacar mais uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília, teve votação inexpressiva – mais precisamente 7.406 votos.

A bola é dele

O ex-deputado estadual Jenilson Leite (PSB), que também figura no rol de possibilidades de vices de Marcus, embora também não tenha conquistado o mandato disputado no ano retrasado, registrou impressionantes 65.522 votos para o Senado. A bola é dele.

Jenilson e Marcus Alexandre: por que não? – Foto: Reprodução

Ascensão e declínio

Claro que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O leque de opções para deputados federais em uma eleição é bem maior do que para senador, onde a escolha é majoritária. Mas trata-se, aqui, de um claro exemplo de capital político em ascensão contra outro em declínio.

Com a palavra, os números

Deixemos que os números falem por si: Em 2018, Flaviano foi eleito deputado federal com 18.723 votos. Já o médico conquistou vaga na Aleac com o apoio de 8.253 eleitores. Quatro anos depois, eles tiveram, respectivamente, os já citados 7,4 mil e 65,5 mil votos.

Retrocesso civilizatório

O Brasil elegeu, em 2022, o Congresso mais reacionário das últimas décadas – quiçá de todos os tempos –, e o resultado não poderia ser pior. O possível endurecimento da punição para mulheres que praticarem aborto, inclusive as vítimas de estupro, é o cúmulo do absurdo.

Sempre eles

Tão grave quanto é o fato de ser um grupo majoritariamente masculino, branco e rico decidindo o futuro de mulheres, em sua maioria, pobres. Mulheres essas que vivem o mundo real (e não o dos palácios) de um país historicamente machista e violento para esse grupo.

Mentes e corações

O recrudescimento da política repressiva contra usuários de drogas ilícitas, como a maconha, também entra nesse balaio. Aliás, as organizações criminosas ficarão felizes ao terem mais mentes e corações a conquistar nas universidades do crime, que são os presídios brasileiros.

Rumo ao passado

O escritor e desenhista Millôr Fernandes, que nos deixou em 2012, tem uma frase emblemática que ilustra bem o momento obscuro que o país vive, e é com ela que a coluna desta sexta, 14, se encerra: “O Brasil tem um enorme passado pela frente”. Até lá!

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