Para você e todos os brasileiros, pode ser 2024 – mas, para os etíopes, ainda é 2016. Em 11 de setembro, a população da Etiópia irá entrar no ano de 2017. Isso porque o segundo país mais populoso da África não segue o calendário gregoriano, e sim o calendário etíope.
Introduzido pelo Papa Gregório XIII em 1582, o também chamado calendário ocidental sofreu um ajuste em 500 d.C., enquanto a Igreja Ortodoxa Etíope optou por manter as datas antigas. E até hoje, devido a suas fortes tradições e identidade nacional, a Etiópia decidiu manter o seu calendário, diferenciando-se dos países ocidentais.
Com pelo menos 1.500 anos, o calendário etíope se assemelha ao calendário copta da Igreja Copta Ortodoxa de Alexandria, uma igreja cristã ortodoxa oriental com sede no Egito. Ambos seguem um sistema solar-lunar formado por 13 meses – 12 deles tem duração de 30 dias, enquanto um dos meses tem duração de apenas cinco dias (ou seis, em anos bissextos).
Porém, muitas empresas e escolas internacionais da Etiópia utilizam o calendário gregoriano, o que acaba obrigando a população a utilizar simultaneamente o calendário tradicional etíope e o calendário ocidental. Algumas instituições, inclusive, precisam alternar constantemente entre os dois sistemas, principalmente ao se corresponderem com etíopes que vivem em áreas rurais ou fora do país.
Não são apenas os anos: na Etiópia, as horas também são contadas de maneira diferente. Enquanto a maioria dos países começa o dia à meia-noite, os etíopes usam um sistema de relógio de 12 horas que vai do amanhecer ao anoitecer. As horas começam a ser contadas a partir da 1 hora da manhã, que corresponde às 7 horas da manhã do ocidente.
Ambos os sistemas podem causar confusão. Além dos viajantes ficarem um pouco perdidos, registros de nascimento e uma simples reserva de voo internacional podem causar erros. Porém, com o avanço da tecnologia nas zonas rurais da Etiópia, pode ser que os sistemas mudem: resta esperar.
Reportagem Casa Vogue