Dormir bem é essencial para a manutenção da saúde do corpo e da mente, especialmente de quem pratica exercícios físicos e mantém uma vida saudável. É durante o sono que o organismo exerce as principais funções restauradoras, repõe as energias e regula o metabolismo. Por outro lado, noites mal dormidas resultam em cansaço, indisposição, lentidão de raciocínio, alterações de humor e queda de rendimento e têm malefícios cardiovasculares, cerebrais e metabólicos a médio e longo prazos.
Um sono de qualidade, em adultos, deve ter de 7 a 9 horas, com média de 8 horas de duração, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS).
— O sono é um fenômeno involuntário, natural e essencial à vida, pois, mesmo que não queiramos, o cérebro nos coloca para dormir para proteger e limpar o nosso sistema nervoso central — explica a neurologista Andréa Bacelar, especialista em sono e diretora da ABS.
Durante o sono, conforme a especialista, o organismo limpa as impurezas produzidas durante o dia de atividades, restaura a musculatura, repara os tecidos, restabelece a energia, descansa o coração, a pressão arterial e o cérebro, produz certos hormônios, como o do crescimento, e calibra o metabolismo, influenciando inclusive na taxa de metabolismo basal (TMB).
Fases e estágios do sono
O sono é dividido em duas fases: sono não-REM (NREM) e sono REM (Rapid Eyes Movement, ou Movimento Rápido dos Olhos, em português), que apresentam características e estágios próprios.
Sono não-REM
O sono não-REM é marcado por uma atividade cerebral mais lentificada, sendo dividido em três estágios:
- Estágio 1: é a sonolência, que ocorre na transição da vigília para o sono. Há redução da frequência de ondas cerebrais, ao mesmo tempo em que os músculos começam a relaxar. Estágio no qual as pessoas costumam ficar 5% do tempo total de sono;
- Estágio 2: é a fase mais predominante do sono, quando as frequências cardíaca e respiratória diminuem, acompanhadass da temperatura corporal. Passa-se quase metade do tempo total do sono neste estágio;
- Estágio 3: aqui é que as pessoas “dormem profundamente”. Os batimentos cardíacos, a respiração, os músculos e as ondas cerebrais ficam mais lentas. O certo é ficar de 20% a 25% do tempo total do sono neste estágio.
— Iniciamos o sono pelo estágio N1, um estágio de transição, que marca a redução na frequência geral na atividade elétrica do cérebro. Passamos para N2, reconhecido pelo papel protetor para a memória e, mais recentemente, por proporcionar uma separação do nosso organismo com o exterior. Certas características elétricas do cérebro durante esse estágio têm como papel inibir que o cérebro responda aos estímulos externos, algo fundamental para dormirmos em ambientes cada vez mais poluídos com som e luz. E o sono N3, ou sono de ondas lentas, é absolutamente essencial para essa função de limpeza e a recuperação celular, sendo essencial para o equilíbrio hormonal — detalha o cronobiologista Mário André Leocadio Miguel, representante do Conselho de Cronobiologia na ABS.
Sono REM
Na sequência vem o sono REM, no qual há atividade cerebral intensa e aumento das frequências cardíaca e arterial. Os olhos se mexem rapidamente por baixo das pálpebras fechadas, mas a musculatura do corpo segue imóvel, totalmente relaxada, em descanso profundo.
Neste estágio, no qual ocorrem os sonhos, as pessoas ficam de 20% a 25% do tempo total do sono. Ele é essencial para o descanso profundo, a consolidação da memória, o equilíbrio mental, a regulação do humor e o aprendizado.
Segundo especialistas, todos os estágios são importantes e devem ser cumpridos, nos tempos ideais, para que o sono seja de qualidade.
— Não existe um estágio mais importante do que outro. Agora, toda vez que dormimos bem depois de algum ou diversos episódios de privação do sono, tendemos a aumentar a proporção do tempo que passamos em N3 e REM, o que aponta para um papel importante dessas fases do sono para reequilibrar o nosso organismo — pontua o cronobiologista.
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Fonte: Eu atleta/globo