“Existe uma realidade que me assusta e que a gente precisa encarar: no Brasil, cerca de 60 mil casos de estupros de vulneráveis acontecem todo ano. Criança deve ter o direito de ser criança. Criança não é mãe. E nossas leis e políticas públicas devem assegurar isso. Como mulher, fico estarrecida vendo homens decidindo sobre nossos corpos, nossa liberdade, nossos direitos.
Quando uma criança vítima de estupro engravidar e optar por interromper a gravidez, o PL 1904 da Gravidez Infantil, pode prendê-la por até 20 anos! O aborto legal se torna crime pior do que o estupro. Isso é absurdo! A vida de uma criança, de uma mulher, vale menos do que a de um estuprador?” afirmou a atriz.
A atriz Luana Piovani compartilhou uma publicação que argumenta que o projeto de Sóstenes levará à criminalização da interrupção de “gravidez fruto de violência (…) em especial quando essas pessoas são crianças”.
Outra a se posicionar contra o projeto, a atriz Samara Felippo argumentou que o texto pode “ceifar” a infância de menores de idade que engravidam após serem vítimas de violência sexual. A atriz ponderou que o aborto é “uma pauta delicada para muita gente” e avaliou que o país é “ultraconservador”, mas avaliou que o projeto é “absurdo”.
— Estamos falando de crianças que viram mães através de um estupro. É muito absurdo, e deixar isso passar é de uma crueldade tão bisonha (…). Quem não entende isso passou do nível do que é ser humano — afirmou Felippo em vídeo.
O debate digital em torno do projeto de lei foi dominado por perfis críticos à medida. É o que aponta um levantamento da Arquimedes, consultoria especializada na análise das plataformas digitais, a pedido do GLOBO. A análise mapeou 2,3 milhões de publicações na plataforma X (antigo Twitter) entre quarta e as 16h desta sexta-feira. O resultado mostra que 88% das contas que comentaram o tema se opõem ao texto.
Por outro lado, a atriz Cássia Kiss defendeu a proposta em um vídeo gravado para o Centro Dom Bosco, associação que reúne católicos dedicados a “resgatar a tradição da Igreja”.
— Imagine um bebê no ventre de sua mãe, com 5, 6, 7, 8 meses, e ele recebendo uma injeção de cloreto de potássio direto no seu coraçãozinho. É dito que a dor é comparável a um infarto fulminante. Então, precisamos parar isso imediatamente — afirmou Kiss.
Também favorável ao projeto, o ator Juliano Cazarré publicou um vídeo em seus stories no qual critica o aborto, mesmo em casos de abuso infantil. O artista argumenta que, após 22 semanas, o feto pode viver fora do útero e diz que “quem não quiser criar o filho pode entregá-lo para adoção”.
Via O Globo