Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

PL do aborto: famosos se posicionam sobre projeto em tramitação na Câmara; veja quem é a favor e contra

Projeto de lei (PL) em tramitação na Câmara equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio, inclusive em caso de estupro — Foto: NYT

O debate digital em torno do projeto de lei (PL) em tramitação na Câmara que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio, inclusive em caso de estupro, mobilizou famosos a se manifestarem a favor ou contra o texto do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). A urgência da medida foi aprovada a toque de caixa na quarta-feira na Casa Legislativa.

O ator Paulo Vieira criticou o projeto, descrito por ele como uma “desgraça”. Segundo levantamento da Arquimedes, consultoria especializada na análise das plataformas digitais, a pedido do GLOBO, o artista está entre os nomes apontados como mais influentes no debate sobre o tema.

A atriz Débora Bloch ressaltou, em postagem no Instagram, que, caso o PL seja aprovado, crianças abusadas sexualmente perderiam o direito ao aborto legal, se a gestação tiver mais de 22 semanas. “Este projeto de lei nada mais é do que um incentivo ao estupro”, disse a artista.

“A Câmara pode aprovar um projeto que, se aprovado, crianças vítimas de abuso podem perder o direito ao aborto legal, caso a gestação tenha mais de 22 semanas. Nos casos de violência sexual infantil é mais difícil identificar a gravidez, por isso a demora no reconhecimento. E, por isso, nossas crianças precisam ser asseguradas do aborto legal”, escreveu a atriz.

Já a jornalista Ana Paula Padrão destacou que mais de 75 mil mulheres são estupradas por ano no Brasil, o que ocorre em um contexto de violência que dificulta denúncias e procedimentos ágeis de apoio à vítima.

“O Brasil é um país no qual 75 mil mulheres são estupradas por ano. A maioria é de crianças. A maioria dentro de casa, por um parente próximo. Dados oficiais. Esse é um contexto que dificulta denúncias e procedimentos ágeis de apoio à vítima. Delegacias da mulher, a justiça e os hospitais não facilitam o cumprimento da lei que permite a interrupção da gravidez nesses casos. O tempo passa e, se o PL 1904 for aprovado, essas meninas serão consideradas homicidas. O Brasil não é um país que comporte esse tipo de medida de combate ao aborto” escreveu a jornalista.

A atriz Paolla Oliveira, por sua vez, compartilhou uma charge crítica ao projeto e questionou se “a vida de uma criança, de uma mulher, vale menos do que a de um estuprador”.

“Existe uma realidade que me assusta e que a gente precisa encarar: no Brasil, cerca de 60 mil casos de estupros de vulneráveis acontecem todo ano. Criança deve ter o direito de ser criança. Criança não é mãe. E nossas leis e políticas públicas devem assegurar isso. Como mulher, fico estarrecida vendo homens decidindo sobre nossos corpos, nossa liberdade, nossos direitos.

Quando uma criança vítima de estupro engravidar e optar por interromper a gravidez, o PL 1904 da Gravidez Infantil, pode prendê-la por até 20 anos! O aborto legal se torna crime pior do que o estupro. Isso é absurdo! A vida de uma criança, de uma mulher, vale menos do que a de um estuprador?” afirmou a atriz.

A atriz Luana Piovani compartilhou uma publicação que argumenta que o projeto de Sóstenes levará à criminalização da interrupção de “gravidez fruto de violência (…) em especial quando essas pessoas são crianças”.

Outra a se posicionar contra o projeto, a atriz Samara Felippo argumentou que o texto pode “ceifar” a infância de menores de idade que engravidam após serem vítimas de violência sexual. A atriz ponderou que o aborto é “uma pauta delicada para muita gente” e avaliou que o país é “ultraconservador”, mas avaliou que o projeto é “absurdo”.

— Estamos falando de crianças que viram mães através de um estupro. É muito absurdo, e deixar isso passar é de uma crueldade tão bisonha (…). Quem não entende isso passou do nível do que é ser humano — afirmou Felippo em vídeo.

O debate digital em torno do projeto de lei foi dominado por perfis críticos à medida. É o que aponta um levantamento da Arquimedes, consultoria especializada na análise das plataformas digitais, a pedido do GLOBO. A análise mapeou 2,3 milhões de publicações na plataforma X (antigo Twitter) entre quarta e as 16h desta sexta-feira. O resultado mostra que 88% das contas que comentaram o tema se opõem ao texto.

Sair da versão mobile