Uma restauração da pintura levou à realização de um raio-x em 2021, que apresentou, por baixo da natureza morta, uma figura masculina segurando uma criança. Especialistas atribuíram a primeira tela ao pintor Luis Meléndez (1716-1780), porém, a autoria da pintura secreta ainda não foi comprovada.
Apesar disso, existem planos para que o quadro circule em exibições por alguns países antes de ser vendido. A história de como essa obra foi descoberta remonta aos anos 1940 e é, no mínimo, curiosa. Confira mais detalhes a seguir:
Da Europa ao Bixiga
De acordo com o laudo da obra, a tela teria sido originalmente comprada de uma família de imigrantes europeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na década de 1940, a pintura era associada a Meléndez ou a Francisco de Zurbaran, outro pintor do país ibérico. O quadro teria passado cerca de 30 anos pendurado na parede do fundo de um antiquário até ser comprado.
No início dos anos 1970, ele seria adquirido no Bixiga por um homem pertencente a uma família paulistana que viu seus negócios crescerem e comprou propriedades na cidade. Uma das posses dessa afortunada família era um apartamento na Avenida Paulista para o qual a tela foi comprada como um item de decoração.
No fim dos anos 1980, o comprador passou a posse da obra valiosa para seu filho Marcos*. Após ter descoberto o valor que a pintura possui, ele afirma: “Eu estou vivendo um sonho que eu jamais pensei; às vezes até me assusta um pouco”.
Fortuna de família
O pai do herdeiro da obra-prima faleceu em 1992. “Na data do meu aniversário, quando eu tinha 20 e poucos anos, ele me presenteou, em documento em vida, e falou ‘olha, isso você guarda, é a obra de um grande mestre espanhol’”, conta.
Desde outubro de 2020, o quadro está no nome da empresa de Marcos*, que já recebeu ofertas de compra de dezenas de milhões de dólares, mas não chegou a fechar negócio.
Ele deixa claro que o quadro não está à venda, mas ainda assim analisa as propostas de compra. “Não vendemos porque a gente acha que ela não é [só] mais uma obra”, afirma. “Isso é uma obra que tem vida própria, ela tem um gancho de angariar a curiosidade das pessoas”.
Embora demonstre gostar muito da pintura, o herdeiro não costumava ser um clássico colecionador de obras-primas. “Até quatro anos atrás eu era muito leigo no mundo das artes. Aí depois eu fui pesquisar, ler e estudar”, recorda.
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