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PMs que atiraram em enfermeira durante perseguição policial são indiciados por homicídio qualificado e fraude

O inquérito que investiga a morte da enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, durante uma perseguição policial na BR-317, foi concluído nessa segunda-feira, 17, após seis meses de investigações.

A decisão do delegado de Polícia Civil, Rômulo Barros Alves de Carvalho, resultou no indiciamento dos sargentos da Polícia Militar do Acre (PM-AC), Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas. Eles foram acusados de homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima, motivo fútil, em suas formas consumada e tentada, e fraude processual.

A perseguição policial que culminou na morte de Géssica ocorreu em dezembro do ano passado. Segundo o laudo pericial, a enfermeira não havia consumido drogas e nem tinha tocado na arma encontrada próximo ao seu carro, que não continha seu DNA, mas sim traços genéticos masculinos. O relatório detalhou que Géssica foi morta por 13 disparos de fuzil, efetuados pelos policiais.

O advogado da família, Walisson dos Reis Pereira, criticou a demora na conclusão do inquérito, destacando a angústia da família durante os seis meses de espera.

“A defesa da enfermeira Géssica vem a público dizer que a família está revoltada pela morosidade das autoridades aqui do Acre de concluir o inquérito policial. Já se passaram seis meses da morte da enfermeira, que teve seu carro fuzilado por 13 disparos de fuzil. A Justiça soltou os policiais alegando que eles têm filhos menores de 12 anos que dependem deles. A Géssica deixou crianças de 3, 6 e 10 anos, que nunca mais vão ver a mãe”, afirmou Pereira.

Investigação do MP-AC

O Ministério Público do Acre (MP-AC) também instaurou um inquérito próprio, que indicou possíveis excessos e condutas inadequadas por parte dos policiais do Gefron. O MP-AC apurou que após a entrada dos militares do Gefron na perseguição, houve disparos de armas de fogo de grosso calibre contra o veículo da vítima, culminando em sua morte.

Além disso, a investigação sugeriu que a arma encontrada próximo ao carro de Géssica foi plantada pelos policiais, uma tentativa de justificar a ação como legítima defesa.

O advogado Pereira reforçou a necessidade de celeridade no encaminhamento do inquérito ao Poder Judiciário para que os policiais sejam denunciados e julgados.

“O que queremos é que o inquérito seja concluído, que os policiais sejam denunciados. A gente quer saber por que essa morosidade. O Ministério Público já concluiu seu inquérito, o que falta mesmo é o delegado de polícia enviar o inquérito relatado ao Poder Judiciário para que os policiais militares virem réus e possam ir a júri popular. A família na busca por justiça não pode ser penalizada, pois sua dor e revolta aumentam a cada dia que o inquérito não é concluído,” concluiu.

Géssica Melo de Oliveira foi morta após furar um bloqueio policial em Capixaba e ser perseguida por uma viatura da Polícia Militar, que recebeu reforço do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC).

A perseguição terminou em Senador Guiomard, onde Géssica foi atingida fatalmente por tiros de fuzil. Os sargentos Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas foram presos em flagrante na época, mas posteriormente soltos.

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