O processo em que a Polícia Civil pediu mais 90 dias para investigar o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) é relativo a uma escalada no Pico dos Marins, no interior de São Paulo, em janeiro de 2022. Na ocasião, o ex-coach liderou um grupo de 32 pessoas, sem equipamentos e durante um vendaval, em direção ao topo da montanha na Serra da Mantiqueira. Ele é investigado por tentativa de homicídio privilegiado – quando a prática do ato é atenuada por ter sido cometido sob fortes emoções.
Parte da escalada foi transmitida ao vivo nas redes sociais de Marçal. Sem equipamentos necessários, os “aventureiros” subiam em dois grupos, quando foram surpreendidos por uma chuva com ventania na madrugada. O Corpo de Bombeiros de São Paulo foi acionado e o terreno acidentado dificultou o trabalho dos agentes, que durou cerca de nove horas.
Stories no Instagram, feitos pelo tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, viralizaram logo depois do incidente, pelo tom de indignação do oficial com a atitude do ex-coach. Nas postagens, o tenente descreve parte da situação passada pela equipe dos bombeiros para conseguir trazer, em segurança, o grupo de turistas.
“Um ‘coach’ irresponsável fanfarrão coloca 60 pessoas para subir o Pico do Marins debaixo de chuva. Sem conhecimento técnico, sem suporte adequado, sem estrutura, porque, segundo ele, ‘é tudo emocional’. PS: respeito profundamente quem exerce adequadamente a profissão de coach, que definitivamente não é o caso desse indivíduo”, comentou o militar na época.
Marçal respondeu dizendo que não se via como irresponsável. “Eu chamei o Corpo de Bombeiros. Porque não precisou. Eu chamei de precaução, contra o grupo inteiro. Eu sou o irresponsável?”, afirmou, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.
Investigação começou em 2022
O caso está sendo investigado desde 2022 pela Polícia Civil de Piquete, cidade do interior de São Paulo onde fica o Pico dos Marins. O pedido de ampliação de prazo foi feito, nessa quinta-feira (11/7), pelo Delegado de Polícia, Adilson Antônio dos Santos, sob a justificativa que ainda faltam diligências para a sua conclusão.
Caso seja acatado o pedido, o resultado das investigações deverá sair às vésperas do primeiro turno das eleições municipais de 2024, que ocorrem no dia 6 de outubro.
Em dezembro de 2022, um primeiro inquérito policial sobre o caso não conseguiu averiguar a responsabilidade de Marçal na ocorrência, mas seu resultado foi questionado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por ter sido, segundo a decisão, uma investigação prematura e ineficaz.
Desde o caso da escalada escalada do Pico dos Marins, Marçal está proibido judicialmente de realizar qualquer atividade em montanhas, picos, rios, lagos, mares, ou em locais correlatos que envolva a si ou outras pessoas sem autorização da Polícia Militar.
Em maio deste ano o pré-candidato organizou um reality show que terminou com um dos participantes procurando a polícia para denunciar uma série de maus-tratos. Marçal também foi acusado de violar a decisão que proíbe seu envolvimento em atividades ao ar livre, o que levou a juíza da Comarca de Piquete, Rafaela D’Assumpção Cardoso Glioche, a solicitar uma cópia de um boletim de ocorrência do caso do reality show.
O Metrópoles procurou a assessoria de impressa do pré-candidato que não se pronunciou até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto.
Por Metrópoles