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Vaticano envia sacerdote ao Acre para estudo do processo de beatificação do frei Paolino

Diretamente de Roma, na Itália, o frei Franco Azzalli, de 69 anos de idade, passou as últimas semanas no Acre para finalizar a primeira fase do processo de beatificação do frei Paolino. Ele retorna ao Vaticano com o material colhido nesta quarta-feira, dia 24 de julho.

Essa é a quarta vez do frei Franco no Acre. Ele ficou hospedado no Convento São Filipe, onde vivem os frades Agnaldo, Renan Barros e Clodovis Maria Boff, da Paróquia São Peregrino, Diocese de Rio Branco.

Essa etapa do processo de beatificação, chamada de Fase Diocesana, abrange desde a abertura do processo até a entrega da documentação, com relatos sobre o milagre, oitiva das testemunhas e o estudo clínico, onde sete médicos especialistas, do Vaticano, estudam, de forma singular, o caso concreto.

Concluída a Fase Diocesana, vem a próxima etapa: a Fase Romana. “É onde junta-se toda a documentação. A vida documentada se chama Position. Esse texto é estudado por nove teólogos, depois 15 bispos e cardeais e, por último, o Papa. Só então, o Papa pode dar o título de Venerável, concedido pela virtude”, detalha frei Franco.

Ele explica, ainda, que antes da beatificação é preciso ser comprovado o milagre para que o frei Paolino receba o título de Venerável. Após a beatificação, outro milagre registrado e comprovado poderá dá-lo o título de Santo.

Segundo frei Franco, com a abertura do processo, o frei Paolino já recebeu o título de Servo de Deus, o que por si só é uma grande honra.

Após dias no estado acreano, o italiano se diz honrado em poder participar dessa investigação. “É um desafio para a minha vida, para cada um dos que estão envolvidos no estudo. O perigo nesse caso é fazer o espetáculo. É preciso cuidado. Estou conhecendo o Paolino através dos testemunhos, o que faz todo sentido, já que eu acredito em Cristo através dos testemunhos”, afirma.

O CASO ESTUDADO

Frei Paolino morreu aos 90 anos, em abril de 2016, em Rio Branco. Ele pode ser o primeiro religioso da Amazônia a receber o título

O Vaticano estuda o caso de um homem, morador de Sena Madureira, no Acre, que aos 47 anos de idade se disse curado de uma doença rara causadora de paralisia do corpo, chamada síndrome de Guillain-Barré, após intercessão do frei Paolino. O caso aconteceu no início de maio de 2016, três semanas após a morte do frei Paolino Baldassari.

A DOENÇA

A síndrome de Guillain-Barré é uma doença do sistema nervoso (neuropatia) adquirida, provavelmente de caráter autoimune.

OUTRO CASO

O sacerdote foi enviado pelo Vaticano para fazer também a abertura da causa de beatificação do frei Egídio Maria Moscini. Frei Franco foi nomeado oficialmente como postulador da causa.

SOBRE FREI PAOLINO

Frei Paolino Maria Baldassari nasceu no dia 2 de abril de 1926, em Quinzano di Loiano, em Bolonha, na Itália. Ele ingressou na Ordem dos Servos de Maria no convento de Ronzano em 1937. Iniciou o noviciado em Montefano, Macerata, em 1946, e veio a proferir os votos solenes em dezembro de 1951, em São Paulo, Brasil.

Paulino foi ordenado sacerdote em Turvo, Santa Catarina, no dia 22 de dezembro de 1953. Ele transcorreu o primeiro ano do seu ministério como professor de latim, italiano e de outras disciplinas.

Em 1955, foi transferido para o Acre, em missão de evangelização confiada a Ordem dos Servos de Maria, onde ficou por mais de 60 anos, a maior parte deles no município de Sena Madureira.

Durante as seis décadas em que morou no Acre, frei Paolino demonstrou seu amor pela comunidade por meio do serviço e da sua fé. Ele ajudou a construir cerca de 50 escolas nos seringais e ao longo dos rios, catequizou inúmeros fiéis, ministrou sacramentos, conviveu com comunidades indígenas, ajudou os doentes, defendeu a floresta e participou da criação das comunidades eclesiais de base.

Frei Paolino Baldassari morreu no dia 8 de abril de 2016, aos 90 anos de idade, no Pronto Socorro de Rio Branco. Seu corpo foi colocado em um túmulo ao lado da igreja paroquial Nossa Senhora da Conceição, em Sena Madureira.

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