Cem dias se passaram desde que a Fundação Hospital Estadual do Acre, a Fundhacre, ganhou nova direção. De lá para cá, a maior unidade de saúde do estado experimentou uma série de melhorias em seus diversos serviços, com destaque para a ampliação do atendimento assistencial aos cidadãos.
E é essa uma das marcas que a atual presidente, Ana Beatriz Souza, quer deixar durante sua gestão. Recentemente, por exemplo, ela firmou parceria com a Organização em Centros de Atendimento (OCA) para qualificar ainda mais a forma com a qual os acreanos são recebidos e atendidos na unidade.
“Todos os projetos desenvolvidos são direcionados à melhoria na assistência ao público da Fundação. Então, tudo é muito voltado, por exemplo, à forma de agir, de falar e de identificar o que está faltando, para que a gente possa encontrar meios de resolver os problemas”, afirma a enfermeira.
A presidente da Fundhacre tem investido fortemente no aumento da oferta dos serviços já disponíveis na unidade. Um deles são os exames – talvez, um dos principais gargalos do hospital. Para amenizar as filas, mutirões têm sido realizados com sucesso, alcançando números expressivos.
Um dos mutirões, lançado no dia 20 de julho, pretende atender, ao longo das próximas semanas, 14 mil demandas de ultrassom, doppler arterial e venoso, eletroencefalograma com sedação, ecocardiograma, entre outros. “Quando iniciamos a gestão, a primeira coisa sobre a qual nos debruçamos foi a fila de procedimentos pela qual a Fundação é responsável”, pontuou Ana Beatriz.
Outro avanço que merece destaque é o tempo para a emissão de laudos de eletrocardiograma. Antes, o paciente aguardava até 15 dias para ter acesso ao resultado, que hoje é liberado em apenas 20 minutos. “A gente aderiu a um programa que possibilita o envio dos exames para uma faculdade de Minas Gerais. Lá, os cardiologistas de plantão avaliam as informações, encaminham para a gente e em 20 minutos o paciente sai com o laudo na mão”.
Devolvendo autoestima
Uma das ações que mais orgulha a presidente da Fundhacre é a Opera Mama, mutirão de reconstrução mamária, com prótese, em mulheres acometidas pelo câncer de mama. Realizado em parceria com a Secretaria de Saúde (Sesacre), o projeto já devolveu autoestima para quase 30 mulheres que perderam os seios para a doença.
Uma delas é Luceide Bezerra, de 55 anos, moradora do Bujari. Ela, que foi a primeira paciente operada no mutirão, se diz lisonjeada ao receber uma nova mama. “Quando perguntaram se eu queria, eu disse ‘quero mesmo!’, e então abracei a oportunidade. Minha expectativa era enorme. Pense numa pessoa que estava com ansiedade de ver esse dia chegar! Hoje, estou me sentindo muito bem”, comemorou a aposentada.
O fato de a Fundhacre ser presidida, atualmente, por uma mulher torna o Opera Mama uma das “meninas dos olhos” da unidade de saúde. “É incrível devolver a autoestima e a dignidade para essas pacientes. É uma ação que emociona muito a gente”, reforça a jovem gestora.
Transplante ósseo
Outra grande novidade é a implementação do serviço de transplante de tecido ósseo para pacientes que sofreram traumas ortopédicos. O procedimento é de menor complexidade e substitui, em alguns casos, a necessidade de cirurgia, reduzindo ainda mais a fila para esse serviço.
“Hoje, o que a gente tem é só uma fila de cirurgias. Quando habilitarmos o transplante, os pacientes ortopédicos que se encontram nessa fila serão realocados para o ambulatório de transplante. Com isso, você não precisa internar e nem submeter o paciente a um pós-operatório. Ou seja, é um procedimento menos invasivo”.
Mais leitos de UTI
As melhorias não param por aí. Atualmente, a Fundhacre dispõe de 27 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para adultos e vai ganhar, em agosto, mais quatro com a finalidade pós-operatória, algo inédito no Acre.
“Agora a gente vai começar a classificar os pacientes de UTI como clínicos ou pós-operatórios, o que vai diminuir a nossa taxa de cancelamento de cirurgias [por eventual falta de leitos], principalmente com idosos e pacientes mais críticos que precisavam de uma UTI condicionada a cirurgia”, explica Ana Beatriz.
Por fim, a Sesacre contratou, recentemente, uma nova médica especializada em cabeça e pescoço. Vinda de outro estado, ela já esteve na Fundhacre para conhecer as instalações do maior complexo hospitalar do Acre e operou, até o momento em que esta reportagem foi escrita, quatro pacientes.
“É isso o que eu chamo de fortalecimento da assistência. Eu quero ser marcada, à frente da Fundhacre, por pegar um serviço e aumentar a sua quantidade de oferta. Eu fui chamada pelo governador para cuidar da população. Então essa visão de cuidar da parte assistencial vem do convite que eu tive para estar à frente da Fundação. Não encarei esse convite só como um bordão, mas como uma missão”, finaliza a gestora.