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Organização criminosa na Abin atuava em núcleos, diz PF; veja quais

De acordo com a Polícia Federal (PF), a organização criminosa voltada a monitorar ilegalmente pessoas e autoridades públicas, invadindo aparelhos e computadores, além da infraestrutura de telefonia, teria diversos núcleos distintos dentro da organização, todos responsáveis pela execução das infrações penais.

A PF deflagrou, nesta quinta-feira (11/7), a quarta fase da Operação Última Milha, cujo objetivo é desarticular organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que derrubou o sigilo da investigação.

Os núcleos eram os seguintes:

1º núcleo:

Forma de atuação: delegados federais que, ao tempo dos fatos investigados, estavam cedidos para Abin exercendo funções de direção e utilizaram o sistema First Mile para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como para serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas.
Integrantes: Alexandre Ramagem (deputado federal, delegado federal e ex-diretor-geral da Abin) e Carlos Afonso Gonçalves (delegado federal, secretário de Planejamento e Gestão e ex-diretor do Departamento de Inteligência Estratégica).

2º núcleo:

Forma de atuação: responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo a organização criminosa.
Integrantes: Ottoney Braga dos Santos (usuário Oty), Thiago Gomes Quinalia (usuário TQU), Renato Pereira de Araujo (usuário EQ. 15, já foi alvo anteriormente), Rodolfo Henrique da Silva do Nascimento (usuário EQ.11, já foi alvo anteriormente), Ricardo Wright Minussi Macedo (responsável pelo documento “Prévia Nini.docx”).

3º núcleo:

Forma de atuação: responsável pelo tratamento dos Logs disponíveis desde do início da investigação.
Integrante: Bruno de Aguiar Faria.

Após o aprofundamento das investigações, a Polícia Federal relatou a participação efetiva de diversos policiais cedidos à Abin. Ramagem foi o principal responsável pela utilização do sistema First Mile, mas outros policiais federais cedidos serviam de “staff” para a alta gestão, cumprindo as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios.

Esses policiais exerciam atividades, ainda não conhecidas em sua completude — há Processo Administrativo Disciplinar em andamento com objeto justamente de apurar quais seriam essas atividades.

“Viés não republicano”

Segundo Moraes, os eventos “trazem à luz as ‘operações de inteligência’ com o viés não republicano, valendo-se, inclusive, da solução tecnológica First Mile, bem como sedimenta a prática de ações realizadas sem lastro em ‘Ordens de Busca’ e/ou ‘Planos Operacionais’ instrumentos motivadores das ações realizadas na Abin sujeitos à aprovação do diretor-geral”.

A informalidade era um meio de ação para não deixar rastros, mas a instrumentalização da agência é atestada nas ações realizadas com viés político “alheio à função republicana”.

Prisão preventiva e busca e apreensão

Policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.

Até o momento, o Metrópoles confirmou as prisões de Giancarlo Gomes Rodrigues; ⁠Mateus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão anterior; ⁠Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal; Richards Dyer Pozzer; e Rogério Beraldo de Almeida.

Além deles, ex-assessores de Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e vereador do Rio de Janeiro, foram alvo de busca e apreensão. Entre eles, José Mateus Sales Gomes.

 

Por Metrópoles

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