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Therians: pessoas que “vivem” como animais intrigam redes sociais

No ano passado, vídeos de um encontro de pessoas usando máscaras de cachorros, latindo uns para os outros e até andando de quatro viralizaram nas redes sociais. A ocasião peculiar em Berlim, na Alemanha, acendeu a luz sobre os therians, comunidade que tomou conta das redes sociais por um hábito peculiar de agirem e se vestirem como animais.

Os therians são pessoas que sentem ligação com algum animal e se identificam como o bicho em questão. Uma das tantas contas sobre o assunto no TikTok, por exemplo, mostra uma pessoa que se comporta como um lobo — incluindo usar máscara e andar de quatro.

Outra página, com mais de 840 mil seguidores e 18,6 milhões de curtidas, traz uma menina que se porta como um gato. A garota usa até um rabo preso na calça para manter a fidelidade com o felino.

Alguns ainda fizeram do universo therian um negócio: vendem máscaras para pessoas que se consideram animais e/ou abordam o preconceito sofrido pela comunidade.

Outro caso de grande popularidade tomou as redes, após o japonês Toco gastar cerca de R$ 75 mil para realizar o sonho de se tornar um cachorro. Ele comprou uma fantasia realista da raça border collie e imita os trejeitos do animal.

Moda on-line ou transtorno?

Com a popularização do tema, internautas debatem sobre o que é real e o que é uma “brincadeira” no movimento therian. Especialistas em saúde mental conversaram com o Metrópoles sobre o assunto e opinaram acerca da comunidade on-line.

Rodrigo Acioli, conselheiro do Conselho Federal de Psicologia (CFP), afirmou que a tendência é acreditar que tudo não passa de um modismo. Deve-se ficar atento, no entanto, a comportamentos prejudiciais no dia a dia.

Pessoas que socializam vivem o modismo, então é preciso entender o contexto para saber se isso de fato é um problema prejudicial.

Rodrigo Acioli

“A partir do momento que uma pessoa tem determinados comportamentos, determinados pensamentos que conflitam com o dia a dia, estão em tom de confronto e gerando prejuízo à sua vida pessoal, à sua saúde, às suas relações, aí é o momento de pedir ajuda”, explicou.

Assim como Acioli, Maiara Soares, psicóloga comportamental do Grupo Mantevida, esclarece que o comportamento trata-se da “complexidade da mente humana”, mas seria necessário um diagnóstico completo para entender o caso.

“Como todos os movimentos que envolvam a complexidade da mente humana, deve ser analisado individualmente de acordo com cada contexto”, esclarece a psicóloga.

Rodrigo ainda pontua: “Hoje o nosso contexto mostra que as pessoas, de tempos em tempos, exibem novos comportamentos, novas manias, novos modismos. A população, parte dela, tende a seguir para estar na onda, para estar na moda, para estar brincando”.

Por Metrópoles

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