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Marielle: relatora pede cassação de Brazão e cita “prática ilícita”

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A deputada Jack Rocha (PT-ES), relatora do processo de cassação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apresentou parecer favorável à perda do mandato do parlamentar, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em 2018.

Conselho de Ética da Câmara dos Deputados começou a analisar, nesta quarta-feira (28/8), o texto favorável à cassação de Chiquinho. O relatório de Jack Rocha estava protocolado desde 19 de agosto, mas era de caráter sigiloso e só se tornou conhecido nesta quarta durante a reunião do colegiado. A discussão segue na comissão.

No seu voto, a relatora disse que o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) evidencia uma “prática ilícita”. Afirmou também que a acusação fere a imagem da Câmara dos Deputados.

O pedido de cassação foi apresentado pelo PSol, partido que a vereadora era filiada. A sigla pede que Chiquinho perca o mandato por quebra de decoro parlamentar e suposto envolvimento no crime.

Chiquinho e o irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), são apontados pela Polícia Federal (PF) como mandantes da execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ambos estão presos.

De acordo com a PF, a execução da vereadora teria sido motivada em razão da discussão a respeito de grilagem de terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ainda segundo a corporação, Chiquinho Brazão defenderia a regularização de áreas dominadas pela milícia carioca.

Chiquinho se diz “inocente”

Da prisão, o deputado Chiquinho Brazão participou da reunião do Conselho de Ética por videoconferência nesta quarta-feira (28/8). O congressista voltou a dizer que é inocente e que era amigo da vereadora assassinada.

“Gostaria de iniciar dizendo que sou inocente, completamente inocente. A Marielle era a minha amiga. As votações minha e dela coincidem, nós votávamos juntos”, argumentou o parlamentar no discurso de defesa.

O advogado de defesa de Chiquinho, Cleber Lopes, alegou que, independentemente de o cliente ser acusado ou não, o fato é anterior ao mandato do deputado, e não pode ser considerado quebra de decoro parlamentar.

“Se vale para o Janones, vale para o Chiquinho também”, destacou o advogado, citando o caso da suspeita de rachadinha do deputado André Janones (Avante-MG).

Na ocasião, o caso foi arquivado pelo Conselho de Ética, sob o argumento de que a suspeita não era sobre esse mandato, e sim o anterior, portanto, não se enquadrava em quebra de decoro.

O advogado pediu que o processo seja arquivado por seis meses até que a investigação na Justiça avance e possa ser concluída. Também defendeu que a tese de eventual quebra de decoro antes do mandato seja acolhida.

Por Metrópoles

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