Imagens de satélite captadas pelo europeu Copernicus revelam uma extensa mancha de fogo com mais de 500 quilômetros de extensão e 400 quilômetros de largura, avançando sobre a Amazônia. Na última quinta-feira, 29, o fenômeno cobria os estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de áreas do Peru, Bolívia e parte do Paraguai.
Segundo dados do programada BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no Acre, foram registrados 2.654 focos de incêndio entre janeiro e agosto de 2024. O estado declarou situação de emergência ambiental em junho devido à diminuição das chuvas e ao aumento do risco de incêndios florestais.
E no último dia 20 de agosto, declarou situação de emergência em saúde pública em decorrência da intensificação da seca, fumaça e vulnerabilidade da população ao consumo de água imprópria.
A situação no Acre é parte de um problema maior que atinge toda a Amazônia e o Pantanal. Ainda segundo dados do programa BDQueimadas, a Amazônia registrou mais de 61 mil focos de queimadas desde o início do ano, enquanto o Pantanal contabiliza quase 9 mil focos. Ambos os biomas estão dentro do território afetado pela mancha de fogo.
Outros estados da região também enfrentam cenários críticos. Mato Grosso lidera em número de focos de incêndio no país, com 24.880 registros até agosto, e declarou situação de emergência por 180 dias. Rondônia bateu recordes de queimadas em agosto, com 6.223 focos, o maior número dos últimos cinco anos.
O Amazonas, que também enfrenta uma grave crise ambiental devido à seca e às queimadas, registrou 14.483 focos de incêndio até agosto, levando todos os seus municípios a declararem estado de emergência.
Leonardo Vergasta, meteorologista do Laboratório do Clima (Labclim) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), explicou que a mancha de fogo representa uma alta concentração de dióxido de carbono na atmosfera, resultado direto das queimadas.
“A formação de queimadas está diretamente relacionada a essa concentração de dióxido de carbono, que é um gás presente na atmosfera terrestre. A circulação do vento está normal, mas as queimadas persistem na Região Sul do Amazonas, no Acre e em Rondônia”, afirmou Vergasta.
Além disso, a falta de chuvas agrava ainda mais a situação. Regiões como Mato Grosso e Rondônia estão há mais de 90 dias sem chuva, enquanto o Sul do Amazonas e o Acre enfrentam uma seca que dura entre 7 e 21 dias. Segundo Vergasta, a ausência de chuva e as altas temperaturas tornam a vegetação extremamente vulnerável às queimadas provocadas pela ação humana.
Com informações: G1 Amazonas