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Médico denuncia discriminação sofrida pelo filho autista em academia de jiu-jitsu de Rio Branco: ‘Acabou com meu dia’

O médico Pedro Mariano compartilhou um relato revoltante nas redes sociais nessa quinta-feira, 8, denunciando um episódio de discriminação sofrido pelo seu filho Pierre, de 9 anos, em uma academia de jiu-jitsu em Rio Branco. Visivelmente abalado, o pai explicou que decidiu tornar o caso público para lutar pelos direitos do filho e de outras crianças autistas.

Pedro Mariano começou o vídeo afirmando que nunca havia usado as redes sociais para expor questões pessoais, mas sentiu que, desta vez, não tinha alternativa.

“Pierre é autista, tem 9 anos, primeiro teve Síndrome de West, uma epilepsia rara, que atrasa o desenvolvimento cognitivo motor. Graças a Deus ele recuperou muito bem, mas evoluiu para o autismo. Tem muitos anos que a gente vem nessa batalha, de muitas terapias, muita luta, e sempre sofri preconceitos junto com ele, sempre fui forte, mas chega uma hora que você não é mais.”

Pedro relatou que levou Pierre para sua segunda aula de jiu-jitsu na academia onde ele próprio treinava e que sempre apoiou

“Eu acreditava que lá tinha pessoas boas. Porém hoje fizeram uma coisa terrível com meu filho. Levei numa aula na semana passada e levei ele agora e quando chegou lá feliz, no primeiro momento ele chegou, correu no tatame até poder se concentrar, então ele foi abordado pelo professor, o dono da academia, onde falou que meu filho não poderia ficar lá, porque ia causar medo nas outras crianças. Eu e meu filho tivemos que sair da academia”, contou.

Luta contra o preconceito

Pedro encerrou afirmando que sua luta não é apenas por Pierre, mas por todas as crianças autistas que enfrentam discriminação diariamente nos mais diversos locais.

“Hoje preciso desabafar aqui na rede social, lutar não só por ele, mas por muitas crianças autistas que estão no mundo sofrendo todos os dias esse tipo de preconceito em todos os lugares. No hospital eu aprendi a respeitar os princípios do SUS, o que acho mais lindo é o da equidade. E isso eles não souberam respeitar. Claro que vou atrás dos direitos do meu filho. Ele saiu chorando da academia. Realmente acabou com meu dia.”

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Acre (CRM-AC) emitiu uma nota sobre o caso, manifestando indignação e repúdio ao episódio de discriminação sofrido pelo filho do médico.

“Essa atitude não apenas viola os princípios básicos de equidade e inclusão, mas também demonstra uma completa falta de sensibilidade e compreensão sobre as necessidades especiais das crianças com autismo. Expressamos nossa total solidariedade ao Dr. Pedro Mariano, sua família e à comunidade autista, reafirmando nosso compromisso com a promoção da inclusão, do respeito e da equidade e nos colocamos à disposição”, declarou o CRM.

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