As vidas de Jackson Rodrigues e Luciano Nascimento, que vivem em Rio Branco, no Acre, ganhou mais cor e brilho desde a chegada de Sofia Lucila. Hoje com um ano de idade, a bebê foi adotada pelo casal quando tinha apenas três meses de vida, proporcionando aos companheiros um sentimento que, até então, nunca haviam experimentado.
Neste domingo, 11, Jackson e Luciano comemoram seu primeiro Dia dos Pais em uma família cujo amor e carinho paternos vêm em dose dupla. Juntos há seis anos, ambos sonhavam com a paternidade mesmo antes do relacionamento.
“A gente sente muito amor por ela. Cada desenvolvimento, cada habilidade, cada mês de vida que ela faz a gente experimenta um sentimento bonito. Ser pai é transformador. Desejo que todo homem consiga sentir isso, porque é algo único”, afirma Luciano, que é microempreendedor no ramo de papelaria personalizada para festas.
Seu marido, Jackson, trabalha como arquiteto e urbanista, e conta como o casal faz para se dividir nos cuidados com a filha, que foi adotada após um processo que durou cerca de três anos. “A gente não tem babá. Então eu tive que reduzir um pouco minha carga horária no escritório para ajudar a cuidar da Sofia. Meu esposo trabalha em casa e, assim, a gente vai se revezando na criação dela”.
“Somos pais presentes. Optamos por cuidar dela sozinhos para presenciarmos todo o seu crescimento e desenvolvimento. Tenho vários sobrinhos, então sempre convivi com criança. É uma realização de vida”, reforça Luciano.
Desafios da dupla paternidade
O casal afirma que um dos desafios da dupla paternidade são os olhares de julgamento, possivelmente baseados no preconceito que as relações homoafetivas ainda sofrem no Brasil – um dos países que, lamentavelmente, ainda lideram casos de homofobia no mundo, segundo as estatísticas.
“A gente percebe os olhares das pessoas, que ainda acham diferente esse tipo de arranjo familiar. A gente sai com ela e as pessoas olham bastante. Quando a gente vai em uma consulta médica, por exemplo, acabamos ouvindo algumas perguntas desnecessárias, como quem seria a mãe”, lamenta Jackson.
Por outro lado, o casal encontra nos familiares e amigos um porto seguro para serem quem são. Ambas as famílias de Jackson e Luciano não só aceitam a relação e a adoção como tratam a pequena Sofia como parte de seus núcleos.
“Graças a Deus não tivemos problemas com isso. Durante o processo de adoção, a gente avisou previamente a todos, para prepará-los. E quando a Sofia chegou, ela foi recebida de braços abertos. Todo mundo trata a Sofia muito bem e com muito carinho. Minha família, por exemplo, sempre pergunta por nossa filha e se ela está bem. É gratificante saber que as pessoas próximas a nós gostam da Sofia e nos apoiam”, diz Luciano.
Elétrica e inteligente
Com um ano e um mês de idade, Sofia é uma criança inteligente. Ela aprendeu a engatinhar e andar muito rápido e já fala algumas palavras. Como quase toda criança, possui muita energia para gastar e, por isso, é descrita pelo papai Jackson como “elétrica”.
“Ela não para! A gente está sempre brincando ou fazendo alguma coisa com ela, para ver se ela gasta energia, porque ela é muito elétrica”, comenta, orgulhoso, o arquiteto.
“Pra gente, hoje, ser pai da Sofia é uma realização pessoal. Era um sonho que a gente tinha em conjunto e que conseguimos alcançar. É entender que a gente é pai dela hoje, amanhã e sempre. Ela sempre vai poder contar com a gente. E a gente já entende hoje que ela sabe que somos o acolhimento dela”, continua Jackson.
Luciano, por sua vez, é a prova viva de que o amor de dois pais por uma criança adotiva não é diferente dos arranjos familiares tidos como convencionais.
“Quando a Sofia está doente, eu fico triste e quero que [a doença] venha para mim. Tudo parece ser muito intenso em termos de sentimento. O amor e o carinho são maiores. Tudo é em dobro. Só de falar, eu me emociono, porque é algo muito gratificante Deus ter permitido que nós sejamos os pais dela. A gente sabe que, daqui para a frente, nós vamos ser o suporte na vida dela e, por isso, vamos lutar para que tenhamos uma filha excelente, educada e de boa criação”, finaliza o microempreendedor.