A palavra “pai” ganhou ainda mais significado diante da história inspiradora do professor aposentado da Universidade Federal do Acre (Ufac) Enock Pessoa, cuja vida é um exemplo de paternidade ampliada e amor incondicional.
O professor, junto com sua esposa, Clemaura de Souza Pessoa, construiu um projeto de vida voltado ao acolhimento e há décadas se dedica à criação e ao apoio de crianças e jovens que, mesmo sem adoções formais, os reconhecem como verdadeiros pais. Nos 47 anos de casados, ele e Clemaura já ajudaram na criação de 18 filhos.
“Desde que nos casamos, em janeiro de 1977, começamos a ajudar crianças de parentes e pessoas próximas, sempre com muito amor e dedicação. Um projeto de vida mesmo”, lembra o professor. O casal tem dois filhos biológicos e também ajuda na criação dos netos.
Iniciativas comunitárias
O professor, que também é pastor, conta que ele e a esposa sempre estiveram envolvidos em iniciativas comunitárias. Por meio da igreja, chegaram a abrir uma horta comunitária e, posteriormente, uma escola de alfabetização no bairro Belo Jardim, na região do Segundo Distrito de Rio Branco.
Ele lembra que quando chegaram no bairro, na década de 1990, sequer tinha energia elétrica no local. Aos poucos, a estrutura foi melhorando e a casa sempre cheia de crianças e jovens. Ao longo desses anos, o casal também ajudou jovens em recuperação de dependência química, oferecendo suporte e orientação.
Na casa de Enock e Clemaura, a rotina é cuidadosamente organizada para garantir que todas os filhos e netos tenham horários para estudar, comer, brincar e cuidar da higiene pessoal.
Gratidão
Entre os muitos jovens que encontraram um lar com o casal, o chaveiro Kleber Vieira de Souza, de 38 anos, contou que foi morar com Enock e Clemaura quando tinha somente um ano e meio e que os considera como seus pais. Ele, que é sobrinho legítimo da Clemaura, nasceu em São Paulo.
Kleber contou que chegou a ir morar com a mãe em São Paulo quando tinha 4 anos, mas que alguns anos depois decidiu retornar para a casa de Enock, em Rio Branco.
“Eles são meus pais, o que eu entendo de pai e mãe foi tudo com eles. Sem eles eu nem sei o que eu seria. Não faço ideia de qual seria o meu futuro em São Paulo, porque lá eu só tinha a minha avó, mas ela morreu muito cedo, minha mãe trabalhava o dia todo. São as pessoas que eu conheço que têm o maior coração do mundo. Eu sou a prova viva de que o coração do Enock e da Clemaura são gigantesco. Inefável e a palavra para explicar eles dois. Não tenho explicação para dizer a paciência que eles têm, o carinho que eles têm com todo mundo que eles criaram”, afirmou Kleber.
A servidora pública Fernanda de Souza Ferreira, de 43 anos, também foi acolhida pelo casal. Ela se lembra com carinho do tempo que passou com eles.
“Eu visitei meus primos e tios e decidi ficar morando no Acre com eles. Fiquei até os 27 anos de idade, quando me casei.” Fernanda é de Osasco, São Paulo, e tem parentesco com Clemaura. “Os considero meus pais de coração. Sinto profunda gratidão por todo carinho, cuidado e tempo dedicado a mim. Eles foram fundamentais na minha formação e desenvolvimento pessoal por meio dos ensinamentos acadêmico e cristão, norteando meus princípios e valores no bem viver”, declara.
Neste Dia dos Pais, Fernanda fez questão de deixar uma mensagem especial para Enock. “Sou abençoada e privilegiada pelos seus ensinamentos e toda vivência que delineou a pessoa a qual me tornei. Sinto muita gratidão, amor e orgulho da sua trajetória e por fazer parte da minha jornada. Que Deus permaneça te abençoando hoje e sempre. Que tenha um dia feliz nesta data especial. Te amo.”