A Semana da Visibilidade Bissexual marca as manifestações do movimento por políticas públicas, direitos e visibilização a bissexuais. Celebrado em 23 de setembro, o Dia da Visibilidade Bissexual foi comemorado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1999. Desde então, tem como propósito celebrar a diversidade bissexual, além de combater a bifobia existente na sociedade.
E, não, ser bissexual não é sobre “gostar de homem e mulher”. Os bissexuais, na realidade, são pessoas para quem o gênero não é um fator determinante da atração sexual ou afetiva. Por isso, diversos movimentos LGBTQIA+ lutam para uma definição além de heterossexual ou homossexual.
O psicólogo André Alves comenta que, muitas vezes, as pautas em torno de sexualidade acabam sendo “sobre o homem gay ou mulher lésbica” — porém, existe todo um universo bissexual que merece ser explorado.
História
Em 1969, ocorreu o episódio que ficou conhecido como Revolta de Stonewall, um marco na luta LGBTQIA+. A Data da Revolta (28/6) ficou marcada como o Dia do Orgulho Gay. No entanto, o acontecimento não pareceu dar luz para todas as letras da sigla. Trinta anos depois, em 1999, surgiu a necessidade de criar uma data exclusiva para os bissexuais.
Na época, os ativistas norte-americanos Andy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur fizeram do dia 23 de setembro uma ocasião na qual a atenção deve ser destinada àqueles que se identificam como a letra B da comunidade, que não era nem sequer presente na sigla anterior: GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes).
Não é só uma fase
A identificação como uma pessoa bissexual atravessa experiências. André comenta que um dos aspectos essenciais é se conhecer e acolher os sentimentos. “As primeiras experiências, na adolescência, costumam ser heterossexuais, como a primeira paquera, flerte ou a primeira transa. Ao mesmo tempo, as descobertas são recheadas de tabus e sensações de impotência”, avalia.
“É um processo difícil por que, ao mesmo tempo que a pessoa tem interesse no mesmo sexo, há a sensação de não pertencimento, por também ter interesse no sexo oposto.”
Bifobia
Muitas vezes, homens e mulheres bissexuais sofrem com a invalidação de suas orientações sexuais. As mulheres podem ser fetichizadas; e os homens, classificados como “gays que não saíram do armário”. A falta de informação colabora com a reprodução desses e de outros estigmas.
“Quando uma mulher bi se relaciona com um homem e é taxa de hétero e excluída da comunidade LGBTQIA+; quando ela se relaciona com uma mulher, sofre lesbofobia da comunidade heterossexual.”
Outro ideia associada erroneamente sobre a comunidade bissexual é o “gostar mais de um do que de outro”. As pessoas bissexuais se interessam igualmente por todos os gêneros, já que a sexualidade é fluida. Isso significa que não há uma regra para sentir desejo e atração por um gênero específico. Logo, não existe uma porcentagem definida.
Papel social
Para quem se pergunta como contribuir para a visibilidade bissexual, André reforça que é preciso desconstruir os preconceitos internos e externos. É fundamental ampliar os espaço de discussões na escola, no trabalho, com amigos e claro, com a família.
Por fim, o especialista emenda que buscar ajuda psicológica é essencial para tornar o momento menos difícil.
Fonte: Metrópoles