Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Cerca de 3 mil famílias ribeirinhas estão sem acesso à água potável devido à seca extrema no interior do Acre

Foto: João Vitor Moura/MS

A grave seca que atinge o Acre há cerca de dois meses está causando sérios impactos à população ribeirinha de Cruzeiro do Sul, no interior do estado. Aproximadamente 3 mil famílias da região estão sem acesso à água potável, sendo obrigadas a utilizar açudes e poços contaminados para as necessidades diárias, como higiene pessoal e, em alguns casos, até mesmo para o consumo.

A situação é crítica em comunidades localizadas nos 37 ramais do município, onde vivem cerca de 20 mil moradores. As equipes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), juntamente com as secretarias de Saúde Municipal e Estadual, realizaram um diagnóstico situacional nos três ramais mais afetados pela seca.

De acordo com a enfermeira emergencista Conceição Mendonça, as condições de acesso à água são alarmantes. “Em virtude da seca extrema, a alimentação de algumas famílias que vivem da agricultura familiar está passando por instabilidade na garantia de uma alimentação saudável. Também identificamos algumas famílias com crianças e idosos com quadro de gripe e coriza”, relatou.

Os igarapés, principal fonte de água para essas comunidades, começaram a secar em julho deste ano, conforme relatado pela Defesa Civil municipal. A seca também afeta diretamente a economia local.

As cacimbas, poços que captam água de minas subterrâneas, estão praticamente secas, e açudes que antes garantiam a criação de peixes, fonte de alimento e renda, já não conseguem sustentar a produção, resultando na morte dos animais.

Marco Horta, coordenador-geral de Mudanças Climáticas e Equidade em Saúde, explicou que a estiagem interrompeu a principal atividade econômica das famílias, o cultivo e a produção de farinha de mandioca.

“Infelizmente, 3 mil famílias ribeirinhas estão sem acesso à água potável. É uma situação muito crítica. A principal economia dessas famílias é a produção da farinha, mas devido à estiagem, o plantio e a colheita da mandioca foram interrompidos”, destacou.

Ele afirmou que a situação está sendo monitorada pela Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, que busca soluções rápidas para os efeitos das mudanças climáticas.

O Ministério da Saúde já estuda a construção de poços artesianos como parte de um plano emergencial para levar água potável às comunidades mais afetadas. O governo também planeja medidas para fortalecer a agricultura local, uma das bases econômicas da região ribeirinha.

Sair da versão mobile