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Secretaria da Mulher entrega Cartilha Lei Maria da Penha a mulheres indígenas

Foto: Victor Batista/Semulher

“Eu tô com a cartilha aqui na minha mão, e como é importante esta lei chegar até nós, mulheres Huni Kuin. A gente tem direitos e agora estamos sabendo”. Estas são palavras de Judith Huni Kuin, indígena aldeada que, na terça-feira, 24, recebeu a Cartilha Lei Maria da Penha para Mulheres Indígenas traduzida na língua Huni Kuin. O evento de entrega foi realizado na comunidade do Centro de Formação dos Povos da Floresta, com a Comissão Pró-Indígena do Acre.

A cartilha, idealizada pelo governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), e representa um marco no avanço dos direitos das mulheres indígenas, especialmente para as que residem em aldeias.

Esta é a primeira cartilha traduzida para adaptar a lei de proteção às mulheres àquelas que pertencem a povos indígenas, e foi elaborada foi elaborada pela Semulher com o objetivo de conscientizar e combater a violência doméstica e familiar contra as mulheres indígenas, tanto em áreas urbanas quanto em territórios tradicionais.

“É importante esta lei chegar até nós, mulheres Huni Kuin”, disse Judith Huni Kuin, indígena aldeada que participou da entrega da cartilha. Foto: Victor Batista/Semulher

“A violência doméstica acontece dentro dos nossos territórios, e às vezes aguentamos caladas, as mulheres engolem o choro. Eu tô feliz, porque [a cartilha] vai explicar para nossas mulheres para não guardarem isso sozinhas, sem saída”, complementa Judith Huni Kuin.

Representante da Semulher destaca importância da cartilha Lei Maria da Penha traduzida para idiomas Huni Kuin e Manchineri. Foto: Victor Batista/Semulher

A chefe da Divisão dos Povos Originários e Tradicionais, Alessandra Manchinery, ressaltou a importância desse conteúdo informativo às mulheres indígenas. “Além da Lei Maria da Penha toda traduzida, tem explicados [na cartilha] os tipos de violência e os canais de denúncia de todos os municípios. Tudo isso é importante, para dar o suporte que muitas mulheres indígenas precisam, para dar um basta e até mesmo entender e não normalizar as violências”, disse.

Cartilha Lei Maria da Penha para Mulheres Indígenas, traduzida na língua Huni Kuin, foi entregue para comunidade do Centro de Formação dos Povos da Floresta. Foto: Victor Batista/Semulher

O documento destaca o compromisso da Semulher em atender as meninas e mulheres do Acre, respeitando suas diversidades e garantindo acesso à informação, por meio de ações itinerantes, materiais educativos e atividades que promovem a inclusão social, a equidade de gênero e a prevenção da violência.

Maná Kaxinawa é líder indígena e tradutor da cartilha para o idioma Huni Kuin. Foto: Victor Batista/Semulher

“Essa cartilha traduzida em Huni Kuin é muito importante. Eu acho que toda a humanidade sofre violência, mas, principalmente as indígenas, sofrem violência por não saber os direitos que elas têm. Aqueles que sabem português vão ler em português e aqueles que somente sabem Huni Kuin, vão poder ler também. É interessante que esse direito seja reconhecido pelas mulheres indígenas, de todos os territórios, não só o Huni Kuin. Eu acredito que muitos já ouviram falar nisso, mas não sabem o que é o conteúdo da Lei Maria da Penha em si, o que vai mudar com esse material chegando às comunidades”, destacou o líder indígena e tradutor da cartilha, Maná Kaxinawa.

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