216 bilhões é o valo216 bilhões. Este é o valor que, segundo se estima, os brasileiros vão ter desperdiçado em apostas online até o final deste ano – só com pagamento via Pix. Cartão de crédito e TED não entraram na conta.
Os estudos mostram que o vício está consumindo cerca de 20% da renda obtida com o Bolsa Família. Jovens estão adiando o ingresso no ensino superior por causa das dívidas. Aumenta a inadimplência entre os mais pobres.
Têm sido reportados casos de suicídio por causa das perdas com as apostas.
Um deputado da direita já apresentou projeto propondo cortar o Bolsa Família de quem gastar dinheiro com apostas online.
É a velha tentação de tutelar os beneficiários de programas sociais, como se eles não pudessem fazer suas próprias escolhas. Já teve quem quisesse proibir gasto em “supérfluos”, como cerveja, maquiagem ou iogurte.
Ao mesmo tempo, é como se a resposta ao vício fosse punir o viciado.
Mas o problema está posto. O gasto com as bets tanto é um problema em si mesmo como mina a legitimidade dos programas de transferência de renda e abre brecha para ataques como esse.
O vício no jogo é um dos mais perversos que existe. Muitas vezes as pessoas tendem a ignorá-lo, uma vez que não há o “consumo” de nada, mas os efeitos na química do cérebro são poderosos. E enquanto o uso de drogas possui um limite físico (afinal, em algum momento, sobrevém uma overdose), no jogo é possível perder qualquer quantia.
Por isso, o jogo é um grande negócio para quem explora. Sem falar nas outras oportunidades de negócio, que começam com a lavagem de dinheiro. Não é à toa que é o preferido dos grupos criminosos de todo tipo.
As apostas online retiram a última barreira para o vício – ter que se deslocar até o cassino, o bingo, o hipódromo. O celular nos acompanha a cada momento, até crianças têm acesso a ele.
Fora as bets, quem ganha com isso? Pouca gente: influenciadores picaretas que incentivam o vício, celebridades ou sub sem caráter que se tornam garotos propaganda, veículos de mídia que recolhem a publicidade das empresas (incluídas aí, com destaque, as big techs).
Perdem todos os outros. Perdem os jogadores, que arriscam seu patrimônio, quando não seus empregos e sua saúde mental. Perdem as famílias. Perde o comércio, já que o vício no jogo reduz o consumo – e, por meio dele, toda a cadeia produtiva.
Por isso, é uma visão muito tacanha que faz com que o governo federal, em vez de enfrentar as bets, opte por uma regulação frouxa cujo principal objetivo é arrecadar algum imposto.
Arrecadação que certamente não compensa o desastre não apenas social como econômico que a difusão do vício no jogo provoca.
Enfrentar significa tomar medidas que começam com a proibição da publicidade, passam pelo controle do acesso às plataformas e chegam mesmo ao banimento no território nacional, assim como é feito, corretamente, com os cassinos.
São João fala que cavaleiros do apocalipse são quatro. No Brasil, a gente vê que são muitos mais. Bolsonarismo, milícias, agro, igrejas, sertanejo universitário, coachs, harmonização facial, bancos, bets… Não tá fácil não.r que se estima, os brasileiros vão ter desperdiçado em apostas online até o final deste ano – só com pagamento via Pix. Cartão de crédito e TED não entraram na conta.
Os estudos mostram que o vício está consumindo cerca de 20% da renda obtida com o Bolsa Família. Jovens estão adiando o ingresso no ensino superior por causa das dívidas. Aumenta a inadimplência entre os mais pobres.
Têm sido reportados casos de suicídio por causa das perdas com as apostas.
É a velha tentação de tutelar os beneficiários de programas sociais, como se eles não pudessem fazer suas próprias escolhas. Já teve quem quisesse proibir gasto em “supérfluos”, como cerveja, maquiagem ou iogurte.
Ao mesmo tempo, é como se a resposta ao vício fosse punir o viciado.
Mas o problema está posto. O gasto com as bets tanto é um problema em si mesmo como mina a legitimidade dos programas de transferência de renda e abre brecha para ataques como esse.
O vício no jogo é um dos mais perversos que existe. Muitas vezes as pessoas tendem a ignorá-lo, uma vez que não há o “consumo” de nada, mas os efeitos na química do cérebro são poderosos. E enquanto o uso de drogas possui um limite físico (afinal, em algum momento, sobrevém uma overdose), no jogo é possível perder qualquer quantia.
Por isso, o jogo é um grande negócio para quem explora. Sem falar nas outras oportunidades de negócio, que começam com a lavagem de dinheiro. Não é à toa que é o preferido dos grupos criminosos de todo tipo.
As apostas online retiram a última barreira para o vício – ter que se deslocar até o cassino, o bingo, o hipódromo. O celular nos acompanha a cada momento, até crianças têm acesso a ele.
Influenciadores picaretas que incentivam o vício, celebridades ou sub sem caráter que se tornam garotos propaganda, veículos de mídia que recolhem a publicidade das empresas (incluídas aí, com destaque, as big techs).
Perdem todos os outros. Perdem os jogadores, que arriscam seu patrimônio, quando não seus empregos e sua saúde mental. Perdem as famílias. Perde o comércio, já que o vício no jogo reduz o consumo – e, por meio dele, toda a cadeia produtiva.
Por isso, é uma visão muito tacanha que faz com que o governo federal, em vez de enfrentar as bets, opte por uma regulação frouxa cujo principal objetivo é arrecadar algum imposto.
Arrecadação não compensa o desastre não apenas social como econômico que a difusão do vício no jogo provoca.
Enfrentar significa tomar medidas que começam com a proibição da publicidade, passam pelo controle do acesso às plataformas e chegam mesmo ao banimento no território nacional, assim como é feito, corretamente, com os cassinos.
São João fala que cavaleiros do apocalipse são quatro. No Brasil, a gente vê que são muitos mais. Milícias, agro, igrejas, sertanejo universitário, coachs, harmonização facial, bancos, bets.