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“Está um inferno”, diz mãe de menino agredido após vídeo com Marçal

Foto: Reprodução

“Minha vida está um inferno”, disse ao Metrópoles a mãe do menino de 11 anos que foi exposto por Pablo Marçal (PRTB), ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, por lamentar o fato de um garoto com essa idade não “conseguir escrever”.a

A mãe do menino também lamentou o fato de a repercussão do vídeo ter afetado apenas a sua família. “Ele [Marçal] está lá, vivendo a vida em paz, e as consequências estão só aqui.”

O problema atingiu também o filho mais velho de Rosana, que está sendo julgado pelos colegas por “não ter ensinado o irmão a ler”. Segundo a mulher, o jovem já venceu Olímpiadas de Matemática, ensina xadrez e vai muito bem na escola. A mãe disse que nunca teve problemas com ele, até o início das provocações ao irmão. “Ele teve que sair da aula para trazer o irmão depois do soco”, disse se referindo à agressão física.

Rosana relatou que, após a divulgação do vídeo, no dia 26 de setembro, só mandou o filho para a escola duas vezes, por causa da vergonha. Na primeira, tudo correu bem. Mas, nesta terça, ocorreu a agressão.

Relembre o caso

O caso ocorreu no dia 25 de setembro passado e revoltou a família de um menino de 11 anos devido à exposição da criança feita por Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, nas redes sociais e até em um programa de TV. Nos vídeos, o influencer lamenta o fato de um garoto com essa idade não “conseguir escrever”.

A repercussão das declarações de Marçal fez com que o menino passasse a ser chamado de analfabeto por colegas, segundo a família. Em um áudio enviado à mãe pelo garoto, ao qual o Metrópoles teve acesso, ele chora por estar sendo alvo de chacota.

O episódio envolvendo a criança ocorreu durante uma agenda de campanha de Marçal na zona norte de São Paulo. Em meio a uma caminhada, Marçal pediu que meninos que acompanhavam o grupo assinassem o gesso no seu braço, que ele vem usando desde a cadeirada que levou de José Luiz Datena (PSDB), no debate da TV Cultura, no início do mês. O influencer pediu para o garoto escrever o nome do bairro: Morro Doce, na periferia de Perus.

A criança de 11 anos mostrou dificuldade para escrever, e Marçal soletrou as duas palavras. A cena foi gravada em vídeo e compartilhada pelo candidato em suas redes sociais, além de ter sido mencionada durante entrevista o candidato à Band News (veja abaixo).

Marçal usou o caso para ilustrar “o péssimo ensino no Brasil” e disse que a situação do menino, a quem chama pelo nome, “partiu seu coração”. “Poxa, mano, um garoto de 11 anos de idade não está conseguindo escrever”, disse, na entrevista.

Em conversa com o Metrópoles, Vlademir da Mata Bezerra, advogado da família do menino, afirmou que a criança é diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e está fazendo tratamento psicológico.

Além disso, segundo o advogado, o garoto aguarda por avaliação de um neurologista que pode confirmar o diagnóstico de autismo.

Veja:

Os vídeos publicados por Marçal e as entrevistas dadas após o acontecimento repercutiram muito no bairro onde o menino mora e, segundo o advogado da família, ele tem sido chamado de “analfabeto” por colegas e amigos.

A defesa da família disse que, quando o garoto vai brincar na rua, os amigos falam que ele não sabe escrever. No áudio enviado à mãe, o menino chora e se queixa da situação:

“Mãe, sabia que eu estava muito feliz quando eu tinha visto o Marçal? Mas eu pensei que ele não ia falar para todo mundo que eu não sei ler, não sei escrever. Agora, toda hora que eu estou indo para a rua, tem um monte de gente me xingando de analfabeto”, diz o menino no áudio. É possível ouvi-lo chorando ao final da mensagem de voz.

O advogado orientou a família a procurar o Conselho Tutelar, além de fazer uma denúncia junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e entrar com uma ação de indenização por danos morais contra o candidato do PRTB.

Metrópoles procurou a campanha de Pablo Marçal para falar sobre o caso, mas ainda não obteve um retorno. O espaço está aberto para manifestação.

Por Metrópoles

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