Após uma mulher ter sido internada no Copa D’ Or com quadro clínico grave por um produto falsificado vendido como Ozempic, a rede emitiu um alerta às unidades de saúde da rede para identificar casos semelhantes. Mas antes mesmo desse caso, a Novo Nordisk, laboratório que produz o medicamento, já tinha identificado lotes falsos de canetas de insulina que foram renderizadas com rótulos do Ozempic. Por essa razão, a própria empresa elaborou um manual para identificar se o produto é original. Confira.
A primeira coisa que diferencia o Ozempic é a cor da sua caneta. Por isso, a Novo Nordisk recomenda que qualquer pessoa que tenha adquirido a medicação confira os detalhes do produto antes de realizar a aplicação. A caneta de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza.
Também é importante verificar se a embalagem do medicamento está alterada ou com informações em idioma estrangeiro. A empresa também pede aos consumidores que desconfiem da venda do medicamento em locais não licenciados pela Anvisa e que usam as redes sociais para ofertar os produtos, e recomenda que os pacientes evitem comprar o remédio com preço muito abaixo dos aprovados pelo governo, já que “todos os produtos Novo Nordisk seguem a tabela da CMED, órgão federal que regulamenta o preço dos medicamentos no país”.
Entenda
Uma mulher foi internada com quadro clínico grave na última quinta-feira após aplicar em casa uma dose de um produto falsificado vendido para ela como se fosse Ozempic, medicamento destinado ao tratamento da diabete tipo 2, mas que virou febre para a perda de peso. A paciente, que já recebeu alta, fazia uso do remédio sob o acompanhamento de uma endocrinologista. Ela só só percebeu a adulteração da última caixa que comprou em uma farmácia na Zona Sul, após a médica que a atendeu na emergência suspeitar da procedência.
— Se a paciente não fosse atendida prontamente, poderia morrer. Foi uma hipoglicemia muito grave — disse a médica Luciana Lopes, coordenadora de endocrinologia do Hospital Copa D’Or.
Médica desconfiou
A paciente chegou ao hospital apresentando sintomas de doença neurológica. Ela contou ter começado a passar mal 15 minutos depois de aplicar o Ozempic. Segundo Luciana Lopes, assim que foi examinada, a equipe médica desconfiou que o remédio era falso.
— A gente não sabia o que tinha nessa caneta que a paciente usou em casa. Então, a médica da emergência pediu que a família levasse o medicamento até o hospital para averiguar e, claramente, parecia uma caneta de insulina, cujo rótulo foi trocado. A caixa é igual, mas a caneta é em um azul mais escuro que o azul do Ozempic. Não podemos garantir, porque não analisamos a substância em laboratório, mas cabe uma investigação — afirmou.
A Rede D’Or comunicou o caso ao laboratório Novo Nordisk, que fabrica o Ozempic e que já tinha relatado ter sido notificado de outros casos de falsificação do remédio, no Rio e em Brasília. Segundo a empresa, “há indícios de que canetas de insulina Fiasp FlexTouch foram readesivadas com rótulos de Ozempic, possivelmente, retirados indevidamente de canetas originais do medicamento”.
Após informar o caso ao laboratório e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Rede D’Or emitiu um comunicado interno para alertar os profissionais dos seus 70 hospitais no país.
Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta após constatar lotes falsificados do medicamento no Brasil, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Em comunicado, a entidade afirma que os produtos podem ter “efeitos nocivos para a saúde das pessoas” e conter algum “ingrediente ativo não declarado, levando a uma gama imprescindível de riscos ou complicações”. Já foram identificados no Brasil como falsos os lotes MP5A064, LP6F832 e MP5C960. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 13ª DP (Ipanema) e que o produto suspeito será enviado para perícia.
Por Extra