Uma listagem feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e divulgada em agosto mostra que o Acre teve destaque no ranking dos saldos de empregos gerados pelos pequenos negócios no mês de junho, ocupando a 2ª posição, com saldo de 629 postos de trabalho naquele mês. Neste dia, 5 de outubro, é comemorado o Dia Nacional das Micros e Pequenas Empresas, consideradas os motores da economia. Para a atual gestão, este indicador em expansão reflete as ações tomadas pelo governo do Acre para fomentar e expandir os negócios em todo o estado.
Esse trabalho fica a cargo da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete), que abrange os pequenos negócios, em sua maioria informais, e com coletivos que também fortalecem e impulsionam os que decidem apostar na área do empreendedorismo, gerando o movimento conhecido como economia solidária.
É papel do governo, segundo a diretora de Empreendedorismo da Sete, Bianca Marques, capacitar e organizar eventos para proporcionar exposição e venda para esses pequenos empresários. Para ter esse apoio do governo do Estado, o empreendedor precisa ir à secretaria e fazer seu cadastro. Assim, além de assessoramento e acesso a qualificações, também estará presente em todos os grandes eventos, que são vitrines valiosas para seu trabalho, além de, obviamente, possibilitar o aumento da renda.
“Os empreendimentos que têm cadastro na secretaria podem participar dos grandes eventos feitos pelo governo, como Expoacre Juruá, Expoacre Rio Branco, Arraial Cultural, Feira Natalina e Carnaval. Esses eventos são, em sua totalidade, os maiores do estado, e organizados pela Sete, então é um benefício ter o cadastro”, explica Bianca.
Um dado importante destacado pela gestora é o aumento de mulheres empreendendo em todo o estado. Dos 504 pequenos negócios cadastrados, 364 são conduzidos por mulheres.
“Nós temos significativa resposta do público feminino, temos mais mulheres empreendendo do que no ano passado. Elas, assim como todos os cadastrados, podem participar e estar tanto nas qualificações, como nos ambientes de grande comercialização promovidos pelo governo”, diz a gestora.
O empreendedor que deseja fazer o cadastro deve ir até a Sete com RG, CPF e comprovante de endereço. Caso seja casado, os documentos do cônjuge também devem ser levados.
“A Sete qualifica independente de a pessoa ter um CNPJ ou não. Tudo isso é voltado para novos empreendedores ou para quem quer aprender um novo ofício. As ações desenvolvidas pelo governo são com base na qualificação técnica, como proposição de ambientes de comercialização”, reforça.
A diretora aponta que, devido à posição geográfica do estado acreano, empreender é um desafio, já que a logística e a distância de grandes centros acabam encarecendo matéria-prima, produtos e alguns insumos. Porém, ao longo dos últimos anos, as feiras nacionais de que o Acre tem participado ocupam lugares importantes e fazem com que esses empreendedores escalem no mercado externo.a
“Este ano ainda teremos a feira natalina, feiras que estarão acontecendo simultaneamente nos bairros e, no ano que vem, toda a rodada de feiras nacionais. Ser empreendedor é desafiador, escutamos diariamente as queixas, as reclamações e sugestões, e tentamos minimizar os riscos em nossos eventos da Sete. A economia solidária é fundamental para a economia da cidade e do estado. Em cada município existem grupos coletivos, solidários, que se ajudam e se reúnem para comercializar, feiras de bairro, agricultura familiar, que vende frutas, legumes, verduras; muitos não sabem a nomenclatura, mas todo mundo entende o que é uma economia solidária”, acrescenta.
A estrutura do governo também vai expandir para atender melhor esse segmento. Vai ser implantada, na Gameleira, a Casa do Artesão. “No ano que vem, no que se refere ao empreendedorismo, vamos estar com a inauguração de uma nova casa de artesanato, toda estruturada, e teremos a casa do empreendedor, que vai servir de suporte de pequenos negócios e suporte administrativo. Vai ser como uma incubadora de negócios”, revela.
O espaço vai contar com suporte técnico, assessoramento adequado, com local onde os empreendedores possam fazer suas reuniões e ter acesso à internet. “Também estaremos com novas propostas surgindo em conexão com o turismo. O turismo é uma das áreas mais promissoras de avanço no nosso estado e em cada ponto turístico, em cada ambiente turístico do nosso estado, temos fator determinante de comercialização que são também pequenos empreendedores. O turismo e o empreendedorismo andam juntos”, reforça.
Suporte necessário
Para quem tem acesso ao apoio do Estado, essa ajuda é fundamental para que os negócios consigam se desenvolver de maneira plena. Priscila da Silva, por exemplo, contou com esse suporte para abrir seu salão popular. Ela trabalha como cabeleireira desde 2012, mas abriu seu próprio espaço há nove anos.
“Para mim, a ajuda do Estado fez toda a diferença para que eu pudesse me manter. A Secretaria de Empreendedorismo tem ajudado e feito a diferença para muitas famílias que hoje têm o seu sustento com o pequeno negócio. No meu caso, participei de qualificações na minha área”, contou.
Para o futuro, Priscila pretende continuar aproveitando as oportunidades e expandindo cada vez mais o seu salão: “Quero continuar dando oportunidades de trabalho para outras donas de casa e me capacitar ainda mais, para poder ensinar e motivar outras pessoas que precisam ter sua renda financeira. Sou muito grata por todo o apoio que sempre tive da gestão da Sete”.
Já Maria José de Araújo trabalha com artesanato, com duas lojas montadas no Novo Mercado Velho, no centro de Rio Branco. Para ela, apesar dos desafios, a oportunidade de expor seus produtos em feiras nacionais é um dos principais benefícios de ser cadastrada na Sete.
“É muito importante. Acredito que muitas coisas já começaram a mudar, porque é muito difícil, para mim e outros artesãos, conseguir sair do estado sozinhos e o governo nos ajuda muito nisso, levando nosso trabalho a outros estados, aumentando as possibilidades de venda”, destaca.
Coletivos
Para dar mais espaço e visibilidade para os pequenos produtores que empreendem, a Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) também é parceira da Sete, ao criar o Espaço da Agricultura Familiar e Economia Solidária em eventos como a Expoacre.
Jessilene dos Santos vende produtos de Minas Gerais, como doces, mas está, aos poucos, incluindo produtos do estado. Desde 2020, trabalha com as vendas.
“É bom fazer uma renda extra. O empreendimento é produto mineiro, mas como a nossa região é rica e ando muito em feiras, tem muitos turistas; aos poucos estamos fazendo parceria com produtores daqui e fazendo geleia de açaí, licores regionais e mel”, disse.
Juliana Rocha trabalha com produtos de crochê há muitos anos. Para ela, mais do que vendas durante a feira, a Expoacre é uma forma de fazer uma rede de contatos, que impactam em uma pós-venda satisfatória.
“Esta foi a primeira vez que conseguimos participar. Está sendo um sonho, as vendas estão boas, mas lógico que sempre queremos vender mais. Também já saímos daqui com algumas encomendas, então sempre é muito proveitoso”, avaliou, ao participar da última Expoacre.
No seu espaço, vende panos de prato, sandálias personalizadas, cropped, chaveiro e brinco, tudo com a engenhosa arte do crochê.
“É uma oportunidade não só para nós, mas para muitos outros, porque são vários coletivos, vários empreendimentos e isso faz toda a diferença. E que todo mundo consiga, além de vender, expor seu produto, que é legal, é a oportunidade que a gente espera”, destaca.
Mais negócios, mais empregos
A matemática é simples no âmbito do mercado financeiro. Mais negócios significam mais emprego e renda no estado. O titular da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre (Seict), Assurbanípal Mesquita, diz que tornar o Acre um ambiente propício para negócios tem sido o foco do governo.
“A primeira ação do governo foi o plano decenal; então o Estado do Acre fez surgir um trabalho, desenvolvido pela Seplan [Secretaria de Estado de Planejamento], e todas as secretarias participaram dentro dos seus eixos: geração de emprego e renda e desenvolvimento do setor produtivo”, disse.
O planejamento para dez anos foca no desenvolvimento sustentável e estabelece eixos de ações prioritárias. Mesquita diz que se fortalece, entre as secretarias, também a conduta de cada vez mais fazer compras estaduais em empresas e indústrias acreanas.
“O fomento à indústria, à inovação, é um campo que estamos trabalhando para geração de emprego e renda, novas empresas e novos produtos. Estamos trabalhando para fortalecer os negócios, que é de onde vêm os empregos, seja negócios existentes, valorizando, apoiando, fortalecendo e fomentando a criação de novos negócios, como o Inova Amazônia, criando, estimulando o surgimento de novos negócios”, destaca.
Outra iniciativa do governo é incluir, ainda no ambiente escolar, com cursos técnicos, a possibilidade do empreendedorismo, mostrando aos jovens um campo de possibilidades no mercado de trabalho.
“Vamos avançar nas oficinas de inovação nas escolas, para trabalhar essa ideia de negócios na cabeça dos jovens. Estimular o jovem a ter uma ideia, fazer ele pensar que aquela ideia pode virar um negócio, um produto, uma empresa, fazer ele desenhar isso e sonhar com isso. Depois apoiá-lo com bolsas de aceleração, que queremos trabalhar a partir do ano que vem, para fazer com que tenha um apoio financeiro e possa se dedicar naquele negócio. Muitos podem dar errado, mas os que derem certo vão gerar emprego e renda para o nosso estado”, avalia.