Milton, o furacão mais perigoso a atingir a Flórida em 100 anos, causou destruição e já deixou pelo menos nove mortos em algumas localidades do estado norte-americano. O fenômeno tocou o solo na noite desta quarta-feira, 9, e, mesmo rebaixado para a categoria 3, não perdeu seu potencial de gravidade.
A acreana Paula Negreiros mora em Miami, no sudeste da Flórida, há quase 10 anos. A cidade onde ela vive não esteve no olho do furacão, porém, também foi afetada pela tempestade. Isso porque o Milton teve diâmetro de cerca de 500 quilômetros, o que abarca quase todo o estado onde ela vive com o marido e o filho de dois anos.
Em entrevista À GAZETA, Negreiros relatou os momentos de tensão que antecederam a passagem do furacão e as mudanças na rotina da cidade.
“Não só em Miami, mas em toda a Flórida as escolas pararam. O comércio também. Está tudo fechado. Não tem gasolina na maioria dos postos, porque já acabou tudo. Também acabou água, porque as pessoas estocam, assim como os bens de consumo e de higiene. Desde terça-feira a cidade começou a disponibilizar sacos de areia para as pessoas colocarem nas portas para evitar que a água entre nas casas”, afirmou.
A cidade de Tampa, no centro da Flórida, foi uma das mais atingidas. Por lá, houve ordens de evacuação em massa. Negreiros conta que a prefeitura do município recomendou às pessoas que não puderam deixar suas casas que escrevessem com pincel permanente o nome e outros dados pessoais no próprio braço para facilitar a identificação dos corpos.
“Ficamos com muito medo porque foi uma situação terrível e extremamente preocupante. Mais de 3 milhões de pessoas foram evacuadas. Aqui em Miami, felizmente, não corremos risco de morte, mas outras cidades ficaram totalmente vulneráveis. A gente fica com a sensação de medo porque não tem nada o que fazer. Infelizmente, quem tem que evacuar, evacua, e, nesse momento, não importa bens pessoais, casa e carro. Você só sai”.
Com a chegada do furacão, a cidade de Miami experimentou ventos fortes, queda de árvores, muita chuva e alagação em algumas ruas. “Não sofremos danos muito graves. Mas para as pessoas que vivem mais perto da praia, o vento foi mais forte”, relata Negreiros.
“Nas cidades mais ao norte de Miami, que estiveram no olho do furacão, o estrago foi muito feio. Já há relatos de mortos e feridos. Os números ainda são imprecisos porque agora que as equipes de resgate vão começar a sair atrás das pessoas. Além do furacão, nós tivemos mais de 40 tornados em toda a Flórida que fizeram estragos inimagináveis, destruíram casas e reviraram carros. Parece cenário de guerra”.
Ela conta que foi a primeira vez que essa quantidade de tornados passou pela Flórida em um único dia. “Algumas cidades estão inundadas e tem milhões de pessoas sem energia elétrica nas áreas mais afetadas. Pra gente ter números exatos de mortos e feridos vai demorar uns dias. Mas aqui na minha cidade, graças a Deus, os danos foram mínimos se comparados com outras regiões. Infelizmente, a gente fica triste porque muitas pessoas perderam tudo, estão inundadas e algumas chegaram a falecer”, lamenta a acreana.