O décimo mês do ano chegou e, com ele, as atenções para a campanha Outubro Rosa, um movimento que visa levar informação quanto aos cânceres de mama e colo do útero. Porém, há ainda alguns questionamentos importantes: no que diz respeito às grávidas, como fica o tratamento de um câncer de mama? E a amamentação segue igual?
Para responder estas e outras perguntas, A GAZETA conversou com a médica fetal Karolyne Lins, que falou um pouco sobre o assunto e resumiu o tratamento das mulheres que, ao mesmo tempo, enfrentam o câncer de mama e encaram uma gravidez.
De acordo com Lins, é de suma importância enfatizar que o cuidado de uma mulher grávida que foi diagnosticada com câncer de mama é complexo, e envolve uma abordagem multidisciplinar, com acompanhamento de um médico especializado – um oncologista – que avalia o tipo e o estágio da doença. “A definição de tratamento é essencial e, junto com isso, uma avaliação obstétrica para monitorização da saúde da mãe e do bebê vai garantir que essa gravidez prossiga da melhor maneira possível”, reforçou, acrescentando que o tratamento pode incluir quimioterapia, radioterapia ou, até mesmo, terapias hormonais. “A escolha vai depender muito do trimestre da gravidez, porque existem algumas medicações que são evitadas para não afetar o desenvolvimento fetal. Vale lembrar que é essencial o suporte psicológico, já que a gravidez aliada ao processo oncológico pode gerar uma ansiedade, um estresse muito grande”, reitera.
A especialista explica que o câncer de mama durante a gestão é relativamente raro, ocorrendo de um a três casos a cada mil gestações. Além disso, a detecção é desafiadora, vez que existem algumas alterações fisiológicas nas mamas durante a gestação. “Mas o tratamento vai ser adaptado de acordo com o estágio do câncer, a necessidade do tratamento que vai ser realizado. Por isso, a quimioterapia geralmente é evitada, por exemplo, no primeiro trimestre, mas a partir do segundo trimestre algumas medicações podem ser consideradas”, explica.
A radioterapia, normalmente, é adiada após o parto devido aos riscos de radiação para o desenvolvimento adequado do bebê, ainda de acordo com a especialista. “E tudo, claro, com um acompanhamento. Existem algumas alterações que podem acontecer, mas é importante uma comunicação aberta com a equipe médica”, explicou
A médica ainda afirmou que existe uma relação entre a amamentação e a redução no risco de câncer de mama. “A amamentação é considerada um fator protetor em relação ao câncer de mama. Vários estudos sugerem que mulheres que amamentam têm um risco reduzido de desenvolver câncer de mama, especialmente se amamentarem por períodos mais longos. Uma das teorias seria porque a amamentação reduz a exposição a alguns hormônios femininos, como o estrogênio, que podem promover o crescimento de células cancerígenas”. Karolyne, no entanto, finaliza com um alerta: “Embora a amamentação seja um fator protetor, não é uma garantia de que o câncer de mama não ocorrerá nessa mulher. É importante que todas as mulheres continuem a realizar exames regulares e mantenham um estilo de vida saudável”.