A sororidade genuína que habita em mim faz que eu escolha estar sempre ao lado de outra mulher, mas desde que Janja surgiu, ela mostrou ser do tipo que polariza as opiniões. Tem gente que ama e tem gente que odeia. Falo de lulistas, não de quem naturalmente são levados a detestar qualquer pessoa próxima do presidente. Para os defensores, Janja está “ressignificando o papel de primeira-dama”. Eu não sei bem o que isso quer dizer, na verdade. Penso que a posição de primeira-dama deveria deixar de existir, em vez de ser ressignificada.
O fato é que Lula ganhou 60 milhões de votos. Janja não ganhou nenhum. Ela não tem nenhum mandato popular, nem cargo em qualquer ministério. Sua presença em cerimônias oficiais, que não correspondem às funções formais de representação ao lado do presidente, parece pouco justificável porque é visível que ela força sua presença no estilo Zagalo, “vocês vão ter que me engolir “. Desnecessária!
Mas, quando se faz esse tipo de crítica, o risco é resgatar a posição de “bela, recatada e do lar”. Certamente a socióloga Rosângela da Silva tem todo o direito de se manifestar politicamente. Não é porque o marido ocupa o cargo que ocupa que ela está condenada ao silêncio. Mas como evitar as confusões que ela arranja com posições oficiais? Não que ela não vá ter influência sobre o governo. Ela é casada com o cara, conversa com ele todos os dias, é claro que suas opiniões vão ter repercussão. Mas isso é diferente de misturar canais. É difícil. Mesmo que ela tivesse sensibilidade e tato (evitar estar na mesa de cerimônias governamentais, por exemplo, seria um bom passo), sempre a imprensa vai repercutir suas falas colocando os holofotes em seu casamento e a oposição se aproveitar. Burrice?
No caso de seu xingamento contra Elon Musk, não tem como negar que foi um erro. Não acrescentou nada – foi uma bravata. Xingou e riu porque o governo se deu por derrotado e largou mão do enfrentamento às big techs.
Janja não se conformou em ser papagaio de pirata dos “senhores do planeta”, ela se meteu no cardápio do G20 definindo até o que foi servido aos líderes da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, segundo a chef Morena Leite.
Deu trabalho ao Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, se manifestou acerca da “repercussão negativa” na diplomacia brasileira por conta da declaração e em relação a diplomatas chineses supostamente terem informado à pasta de que não queriam a presença da primeira-dama nas agendas entre China e Brasil.
Outros dois pedidos para moções de repúdio à fala de Janja também foram apresentados, pelos deputados Evair Vieira de Melo (PP-ES) e Zé Trovão (PL-SC).
É notório que a socióloga terceiromundista esbraveja quando se sente desaplaudida. E que Lula, já demonstrou se sentir incomodado ao dar declaração às vésperas da eleição americana, dizendo torcer por Kamala Harris, vendo em Trump uma ameaça para a democracia. Não contou nenhuma novidade para ninguém. Não moveu um único voto nos Estados Unidos.
Melhor seria pagar terapia para a esposa melhorar a autoestima e a necessidade de aceitação.