Fui ao cinema sábado à noite. Cheguei perto do horário da sessão, mas não perto o suficiente pra pular a fila da pipoca. Engraçado como a gente compra pipoca no cinema mesmo que sem fome. Sempre o mesmo pedido: uma pequena mista, salgada em cima e doce embaixo. Trata-se de uma preferência inegociável minha e de meu namorado, embora ambos comam a escolhida pelo outro com muito gosto, ninguém abre mão da sua. A dele vai primeiro porque o salzinho que cai na doce faz com que ela fique ainda melhor do que a original.
Já da fila da pipoca, vi a primeira pessoa escorregando numa micro pocinha de água, coca-cola ou qualquer coisa que alguém deixou cair quase na porta de nossa sala. Pensei que era preciso prestar atenção quando fosse eu a passar ali. Avisei ao meu comedor de pipoca salgada que também estivesse atento ao obstáculo. Foram 5 pessoas cambaleantes até chegar a nossa vez de pagar no caixa.
Na fila pra entrar na sala, seguimos observando. Ninguém chegou a cair, mas ouvimos uns uis, vimos casais se apoiando, gente disfarçando a quase queda. Dava pra fazer um curta sobre os efeitos do líquido que parecia se avolumar na medida em que fazia efeito sobre suas vítimas. Isso durou muito pouco, claro. Rapidinho apareceu uma moça com uniforme do cinema que resolveu a situação com 3 passadas de rodo, no máximo.
O que me chamou atenção foi o fato de o exemplo dos escorregantes não ter ensinados aos demais que ali não era um lugar seguro pra circular. Agora, escrevendo a vocês, me chama também atenção a minha própria inoperância ao não procurar a moça da limpeza para avisar do perigo. Me avisei, avisei ao Paulo e só. Uma proteção meio seletiva.
Assistimos a Ainda estou aqui e estou certa de que o leitor já ouviu falar do filme, já sabe que a salas de cinema do país inteiro estão lotadas, sabe dos prêmios e da repercussão internacional, sabe da atuação realmente forte da Fernanda Torres, do Selton Melo, da Fernanda Montenegro e de todo elenco, sabe da reconstituição das cenas impressionante de tão competente, sabe dos aplausos no fim das sessões, sabe da importância e da brutalidade da história. Então vocês fiquem à vontade pra me dizer que não precisa repetir. É isso mesmo. Presta atenção, minha gente. Não precisa repetir. Boa semana, queridos.