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Serial killer de Maceió marcava no calendário do celular datas das mortes das vítimas

Foto: Reprodução/TV Globo

O homem suspeito de assassinar 10 jovens em menos de um ano em Maceió marcava com a cor vermelha no calendário do celular dele as datas em que cada homicídio havia sido cometido. A Polícia Civil investiga ainda se o serial killer foi o autor de outros 8 assassinatos anos antes.

As imagens e as marcações no calendário foram recuperadas pela perícia realizada no celular de Albino Santos de Lima, de 42 anos, encontrado durante a prisão dele em casa, em 17 de setembro.

“Os peritos encontraram também o calendário onde ele assinalava, ele marcava todas as datas em que matava as vítimas”, disse o delegado Gilson Rego Sousa, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

As investigações encontraram indícios de que os 10 assassinatos cometidos entre outubro de 2023 e agosto de 2024, nos bairros Vergel do Lago e Ponta Grossa, foram cometidos com a mesma arma, uma pistola 380 que pertence ao pai de Albino, um policial militar aposentado, que foi indiciado na quinta-feira (21) por porte ilegal de armas.

Além de marcar das datas no calendário, o serial killer guardava reportagens sobre as mortes dos jovens. Todo o material era colocado em pastas e arquivos nomeados cuidadosamente.

“Os exames periciais no smartphone dele revelaram que ele colecionava matérias jornalísticas, reportagens relacionadas a todos esses homicídios. Extremamente organizado, guardava ali no calendário, tudo certinho”, informou o delegado.

As mortes são investigadas em inquéritos distintos. Até a última atualização desta reportagem, quatro inquéritos já haviam sido concluídos, todos com o indiciamento de Albino por homicídio qualificado. Outros cinco inquéritos estão em andamento.

Defesa tenta provar na Justiça insanidade mental

Dos 10 homicídios que a Polícia Civil atribui ao serial killer, Albino confessou oito. A defesa vai tentar provar que ele é um sociopata. Para isso, deu entrada na Justiça em um “incidente de insanidade mental”, que é o dispositivo jurídico para que o suspeito de um crime seja classificado como inimputável, ou seja, não pode ser punida de acordo com o processo.

A Justiça deu um prazo de cinco dias para que a Defensoria Pública envie os principais questionamentos a respeito da alegação da defesa para que sejam respondidos por um perito.

Se Albino for considerado inimputável, ele pode ser tratado em unidades de saúde, como os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), ou permanecer com a família já que, por resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os manicômios judiciários no Brasil não podem mais receber presos.

Vítimas tinham entre 13 e 25 anos

Os 10 jovens assassinados no último ano tinham entre 13 e 25 anos. Todos moravam na mesma região periférica da capital, nos bairros Vergel do Lago, Ponta Grossa e Levada, e foram mortos a tiros.

Em depoimento, Albino Santos admitiu que monitorava as vítimas por meio das redes sociais e afirmou que todas faziam parte de uma organização criminosa, mas as investigações mostraram o oposto.

“Nós identificamos 10 vítimas e nenhuma delas tem envolvimento com facção criminosa. Dessas dez, três eram do sexo masculino e sete eram mulheres”, disse a delegada Tacyane Ribeiro, coordenadora da DHPP.

Os outros 8 assassinatos, ainda sem autoria definida, foram cometidos entre 2019 e 2020, em outra parte da cidade em que Albino morava na mesma época. As suspeitas da autoria ganham força porque a perícia também encontrou no calendário do celular dele marcações nas datas destas mortes.

Os inquéritos dessas mortes já haviam sido arquivados, mas serão reabertos para novas investigações.

Por G1

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