Caso Harris emerja das urnas como a substituta do presidente Joe Biden, segundo análise em alta no Ministério das Relações Exteriores (MRE), a judicialização das eleições norte-americanas é tida como “líquida e certa”.
Por Redação – de Brasília
Os analistas internacionais que integram a equipe do Itamaraty, com informes frequentes à equipe política do Palácio do Planalto, avaliam que haverá um período de turbulência nas relações entre os EUA e o Brasil, já a partir da próxima quarta-feira, uma vez consolidado o nome de quem ocupará a Casa Branca pelos próximos quatro anos. Em comentários nos bastidores a jornalistas da mídia conservadora, confirmados pela reportagem do Correio do Brasil, em qualquer hipótese, com a vice-presidente Kamala Harris (Democratas) ou ex-presidente Donald Trump (Republicanos), haverá um período de adaptação no relacionamento entre os dois países.
Caso Harris emerja das urnas como a substituta do presidente Joe Biden, segundo análise em alta no Ministério das Relações Exteriores (MRE), a judicialização das eleições norte-americanas é tida como “líquida e certa”. Em mais de uma oportunidade, Trump já sinalizou que não vai aceitará, facilmente, um resultado negativo e tende a apelar em diversas frentes, entre elas o Judiciário.
Entre os cenários levados ao presidente Lula, o mais consistente é aquele em que Trump vá repetir o discurso de 2020, que resultou na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Trump também tende a apostar na judicialização e na retórica de que houve fraude eleitoral.
Divergências
No caso de vitória da democrata, o presidente Lula planeja o reconhecimento imediato, com um telefonema para Kamala Harris, em um tom mais pessoal. Mas se Trump se sagrar vitorioso, a formalidade será absoluta, mesmo porque setores do governo brasileiro acreditam que se Trump retornar à Casa Branca, tendem a se intensificar as divergências entre os dois países.
Na sexta-feira, Lula declarou publicamente sua torcida por Kamala Harris, ao falar sobre o avanço de ideologias extremistas em nível global.
— Como sou amante da democracia, acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para governar bem o nosso país. Obviamente, estou torcendo para Kamala vencer as eleições — afirmou o presidente brasileirao.
Segundo Lula, a possível vitória de Trump revelará ao mundo a “nova face do nazismo e fascismo”. Para a diplomacia brasileira, um dos pontos mais críticos com Trump seria a interrupção de cooperação ambiental. Em seu primeiro mandato, o republicano retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e favoreceu a indústria de combustíveis fósseis, que hoje apoia financeiramente sua campanha.
Amazônia
Caso Trump volte ao poder, o Brasil prevê que fundos importantes, como o Fundo Amazônia, permaneçam bloqueados pelo Congresso norte-americano, caso este seja dominado pelos republicanos. Outro ponto de atenção é a proximidade de Trump com Elon Musk, dono da plataforma X (antigo Twitter) e um dos principais financiadores do ex-presidente norte-americano.
Há apenas algumas semanas, Musk alimentou uma série de atritos com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e seu apoio a Trump tende a reforçar essa aliança. A presidente do Brazil Institute, Bruna Santos, afirmou também à mídia conservadora que “há articulações no Congresso dos EUA para questionar o Brasil sobre alegadas violações de liberdade de expressão, e isso deve ganhar força com Trump”.