Uma criança de apenas 5 anos quebrou o braço direito durante uma consulta com psicólogo no Instituto Unimed Terapias, em Rio Branco. O caso aconteceu no início de setembro e veio à tona nos últimos dias, após a mãe da menina procurar a imprensa para denunciar que a empresa teria ignorado sugestões de um grupo de pais para a implementação de medidas que evitem novos incidentes do tipo.
“Minha filha estava na sala com a terapeuta e, quando saiu, estava chorando. A terapeuta falou que ela e a minha filha estavam dançando, sendo filmadas por ela esta parte. Aí, em um determinado momento, a minha filha saiu do ângulo do tablet que estava gravando, e se escuta a pancada e o choro, mas esse momento não foi registrado. Ela passou 30 dias com gesso, ou seja, minha família viveu um mês de pesadelo”, diz a mãe Patrícia Falcão.
Um abaixo-assinado reuniu 400 beneficiários e pede que a Unimed faça adequações no espaço onde ocorrem as sessões. Uma delas é a instalação de uma janela de vidro para que os pais ou responsáveis possam acompanhar as consultas de seus filhos, muitos deles autistas.
Outras duas medidas sugeridas é que as sessões sejam inteiramente gravadas e que seja criado um grupo fechado com beneficiários e terapeutas para o acompanhamento das consultas em tempo real.
As demandas foram enviadas à Unimed no dia 29 de outubro e não teriam sido respondidas. Revoltado com a situação, o grupo de pais marcou para esta quinta-feira, 14, às 9h, uma manifestação na Cidade da Justiça.
Eles denunciam uma série de outros incidentes semelhantes durante as sessões de terapia. Além do braço quebrado da filha de Patrícia, teriam ocorrido trincamento do osso do membro superior de outro paciente, torção de pé, mal uso de celular por parte dos terapeutas, mordidas entre crianças, pacientes entregues aos pais com roupa suja de café e proibição do uso de banheiro por uma beneficiária adolescente durante a sessão.
O outro lado
Procurada pela reportagem, a Unimed não negou os incidentes relatados e disse que qualquer pai ou responsável pode acompanhar a terapia de seu filho, bastando solicitar ao profissional responsável.
“Sabemos que são pacientes autistas, e não existem manuais ou protocolos que, mesmo com a instalação de câmeras ou portas transparentes, possam evitar crises e desregulações sensoriais. Seria incoerente afirmar que a empresa adotará medidas para ‘evitar’ um comportamento natural de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”, informou o órgão.
Paralelo ao esclarecimento acima, a empresa também emitiu uma nota oficial em que diz não reconhecer abaixo-assinados como forma válida de solicitação de medidas e acusa os idealizadores do documento de fazerem pressão indevida sobre outros pais para aderirem ao movimento. Leia a íntegra:
“A Unimed Rio Branco, empresa privada de saúde suplementar, esclarece que todas as solicitações e pedidos de clientes devem seguir os procedimentos administrativos de abertura de protocolo nas frentes de atendimento, seja de forma presencial ou online, conforme exigido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Por não ser uma instituição pública, a Unimed Rio Branco não reconhece abaixo-assinados como forma válida de solicitação. Além disso, recebemos relatos formalizados de uma pressão indevida sobre os pais de pacientes do Instituto Unimed Terapias para aderirem ao abaixo-assinado, o que repudiamos, especialmente em um ambiente terapêutico.
Reiteramos nosso compromisso com a segurança e o respeito tanto aos profissionais de terapia quanto aos pais. A instalação de câmeras ou de portas com visores transparentes não isenta a necessidade da presença dos responsáveis no prédio durante as terapias, para que possam ser acionados em caso de qualquer intercorrência ou necessidade de auxílio nas atividades terapêuticas. Adicionalmente, a Unimed Rio Branco segue as orientações dos conselhos de classe, como o Conselho Federal de Psicologia, que estabelece no artigo 9º: “[…] é dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.”
A Unimed Rio Branco permanece à disposição pelos canais oficiais, pelo e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp (68) 2106-4510.”