“Louca, satânica e demoníaca”. Esses eram alguns dos termos com os quais Joyce Sousa de Araújo, aos 41 anos, morta na última semana, era constantemente atacada por seu ex-companheiro. A denúncia foi feita pela filha e pela irmã da vítima, em live realizada nesta sexta-feira, 22. As duas detalharam os horrores que Joyce sofreu no último relacionamento, uma sucessão de abusos psicológicos, humilhações e ameaças que destruíram a autoestima e, por fim, a vida da acreana.
A morte da acreana chamou a atenção pelas redes sociais, após inúmeros amigos e colegas da mulher postarem, nas redes sociais, posts em luto pela sua morte, ocorrida ainda no domingo, 17, no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).
O relacionamento, que começou com a promessa de ser sua salvação, logo se transformou em um pesadelo. Joyce era submetida a controle extremo, obrigada a compartilhar sua localização constantemente e impedida de realizar tarefas simples, como fazer as unhas ou cuidar de si mesma.
Além disso, seu algoz manipulava suas finanças, utilizando seu dinheiro para adquirir bens como celulares, um cachorro e até um carro. A liberdade de Joyce foi totalmente anulada, e ela passou a viver sob tortura emocional.
As humilhações não paravam por aí. O ex-companheiro fazia apologia ao satanismo, lançava acusações caluniosas e chegou a importunar sexualmente uma sobrinha de Joyce, fato que chocou a família.
O grito da irmã: “Minha irmã foi assassinada”
A família revelou que Joyce deixou três cadernos e mensagens, fotos, vídeos e áudios que corroboram com o tormento que vivia. Entre as provas, há registros de suas lágrimas em vídeo e um pedido a uma amiga para guardar os materiais, dizendo: “Guarda, você vai precisar.”
Mesmo após buscar amparo legal e solicitar uma medida protetiva, no último dia 11 de novembro, Joyce continuou sendo assediada e ameaçada. Seu ex-companheiro, que estaria atualmente em Itabira, Minas Gerais, segue sem responder por seus atos.
Um apelo por justiça e apoio psicológico
Durante a live, a irmã e a filha de Joyce expuseram, entre lágrimas, o impacto devastador que os abusos tiveram não só sobre Joyce, mas sobre toda a família. “A vergonha do que ela passou a consumiu”, desabafaram.
Os filhos de Joyce, profundamente abalados, precisam de apoio psicológico. “Minha irmã era muito amada na cidade”, ressaltou Jaqueline, a irmã, que fez um apelo emocionado por ajuda de psicólogos, da mídia e das autoridades para que o caso receba a devida atenção e justiça seja feita.
A Lei 14.132/2021 reconhece a violência psicológica como crime, prevendo penas de 6 meses a 2 anos de reclusão. A família espera que sua luta inspire outras mulheres a denunciarem e buscarem apoio antes que seja tarde demais.
Veja o vídeo na íntegra:
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