Mais de 4,3 milhões de pessoas em todo o país vão realizar as primeiras provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, neste domingo, 3. O certame, que é porta de entrada para inúmeras instituições de educação superior, incluindo o Instituto Federal do Acre (Ifac), é também uma possibilidade de avaliar o desempenho escolar de estudantes da educação básica.
No Acre, 26.375 pessoas vão realizar o Enem este ano, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Dos 22 municípios acreanos, 17 contam com participantes inscritos para a edição de 2024. A cidade com mais inscrições é a capital Rio Branco (16.047 pessoas), seguida de Cruzeiro do Sul (3.869 inscritos), Sena Madureira (954 participantes), Tarauacá (893 pessoas) e Senador Guiomard (681 inscritos).
A aplicação do Enem 2024 está dividida em duas datas: no dia 03 de novembro, os participantes vão realizar a redação, além das provas de linguagem, códigos e suas tecnologias, e ciências humanas e suas tecnologias. Já em 10 de novembro, as provas serão sobre ciências da natureza e suas tecnologias, e matemática e suas tecnologias. Cada área de conhecimento contará com 45 questões.
Todas as avaliações do Enem possuem um sistema de notas que é baseado de 0 a 1000 pontos. Com a redação não é diferente, porém para se chegar no cálculo da nota final são consideradas cinco competências: domínio da escrita formal; compreensão da proposta textual e aplicação de conhecimentos variados; seleção, organização e interpretação de informações; estruturação lógica e formal da redação; e elaboração de proposta para o problema abordado. Cada uma das competências vale 200 pontos, conforme descrito na Cartilha da Redação Enem 2024. É a soma total obtida pelo participante que vai resultar na nota final da redação.
O fato é que para alcançar uma boa pontuação na redação é preciso trilhar um caminho com muita leitura, escrita e revisão, conforme explica o professor do Ifac, Airton Mesquita. O docente, que também é coordenador do projeto de extensão “Gênero textual dissertativo-argumentativo com ênfase no Enem“, levou novos conhecimentos e auxiliou alunas e alunos da Escola Rural Estadual União e Progresso, localizada na Vila Caqueta, em Porto Acre, nesse preparo prévio para a redação do Enem 2024.
De 15 em 15 dias, o professor e demais integrantes do projeto se deslocavam até a escola em Porto Acre com novas propostas de atividades. As aulas presenciais também eram momentos para tirar dúvidas, trazer novas explicações e reforçar o que precisava ser melhorado nos textos produzidos pelos estudantes. Durante as demais semanas, os textos finalizados eram corrigidos e, por meio de grupo no WhatsApp e e-mail, novos materiais para leitura eram encaminhados.
“O projeto teve como proposta contribuir com a produção textual de alunos do ensino médio, mas sempre com foco nas competecências do Enem. É um desafio muito grande escrever um bom texto para concorrer a vagas no ensino superior. O aluno precisa de uma nota boa na redação e sabemos da complexidade que é formular um material dissertativo-argumentativo. Ao longo dos meses, acredito que as atividades contribuíram para que pudéssemos avançar na formação desses alunos e também na produção textual”, ressaltou Airton Mesquita.
Levar o projeto para a zona rural do Acre, conforme explica o professor do Ifac, também tem ligação com sua história e trajetória profissional. “Sou da zona rural, estudei em escola rural e comecei minha trajetória na educação, em 2008, em uma instituição rural, localizada na região da Transacreana, no seringal Barro Alto. Era uma escola que tinha 11 alunos. O teto da sala não era tão bom e chovia mais dentro do que fora da escola. Quando deixei a sala de aula, fui trabalhar como coordenador de ensino rural para comuidades de difícil acesso. Em 2012 entrei no Ifac, onde estou até hoje com muito orgulho”.
Dentre os estudantes da União e Progresso que participaram do projeto está Willyan Gadelha. O jovem, que é um dos 115 acreanos inscritos como treineiro para o Enem 2024, revela que seu sonho é ser contador. “Quero me formar em Contabilidade. Gosto de matemática e esse ano vou fazer o Enem como treineiro. Minha rotina, basicamente, é estudar pela manhã, das 7h às 11h. A tarde retorno para casa e em alguns dias ajudo meu pai na oficina. Há um ano aprendi a tocar violão e bateria. Quando toco parece que saio do meu mundo”, conta o estudante.
Assíduo nas aulas e bom leitor, Willyan Gadelha sabe da importância da redação para o ingresso no ensino superior. “Não assisto notícias, porque não temos televisão em casa, mas gosto muito de ler. Com o projeto e minhas leituras, consegui melhorar bastante a produção da redação. Tinha dificuldade em organizar minhas ideias e o projeto do professor Airton me ajudou muito nisso”.
Auriane Oliveira, que conclui o 3º ano em 2024, quer cursar Enfermagem. “E quando terminar, quero tentar a bolsa do ProUni para fazer Medicina”. Seu sonho é atuar na área de pediatria. “Estudo, leio e faço várias pesquisas, durante as minhas tardes, depois que saio da escola. O projeto caiu como uma luva para mim. Estava perdida, não sabia como começar (a redação). Hoje já consigo desenvolver minhas ideias de uma forma mais rápida e organizada. Cada vez mais estou avançando”.
A jovem, que é aluna da Escola Rural Estadual União e Progresso desde o 6º ano do ensino fundamental, conta também sobre o incentivo que tem da mãe, Dona Irene, para seguir estudando diariamente. “Minha mãe me apoia muito e sabe a importância dos estudos. Ela nunca estudou, mas agora está na escola. Está cursando os anos inicias, a alfabetização mesmo. Faz as aulas no turno da noite, na Escola Estadual Cristo Rei, que fica aqui em Porto Acre também”.
Neste domingo (03.11), Auriane Oliveira e Willyan Gadelha colocam em prática os aprendizados que tiveram ao longo do projeto desenvolvido pelo Ifac. E as expectativas, conforme destaca o professor Airton Mesquita, são as melhores. Além de reforçar a necessidade dos estudantes recordarem o que foi realizado durante as atividades, o docente lembra o quão importante foi o esforço e dedicação de cada um ao longo das aulas.
O projeto de extensão “Gênero textual dissertativo-argumentativo com ênfase no Enem” encerra as atividades nesta semana. Além do professor Airton Mesquita, a ação também contou com a participação voluntária da estudante Esther Ferrari, e dos docentes e técnicos administrativos do campus Rio Branco e Reitoria: Willian Carboni Viana, Willian Bessa, Jhon Kennedy Severino, Samille Leite e Aldenisa Rossetto.