O secretário-geral do MDB no Acre, Aldemir Lopes, está com uma pulga atrás da orelha diante das movimentações do deputado estadual Tanízio Sá para a sucessão do comando do partido após a morte de Flaviano Melo, que presidia a sigla no estado.
Segundo Lopes, pode haver uma “força estranha” por trás dos passos do parlamentar, que, nos últimos dias, tem colocado sob suspeição a ascensão do vice-presidente do MDB, Vagner Sales, ao comando do partido – nesta semana, o deputado chegou a dizer que o colega de agremiação se “autoproclamou” dirigente.
Ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Sales ficou inelegível em 2019 após condenação por improbidade administrativa. Tanízio, agora vice-presidente do partido, indaga se a suspensão dos direitos políticos de Sales vedaria a nomeação.
Lopes, que questiona a tese do impedimento de Sales, acredita que Tanízio não age apenas por motivações pessoais, mas também políticas. O secretário faz coro com uma ala do MDB que desconfia que o deputado, caso se torne presidente do partido, queira levar a sigla para o colo do governo Gladson Cameli (Progressistas).
“Não sei, de fato, se ele pretende levar o MDB para a base do governo, mas tudo indica que sim. Nas eleições de 2022, ele apoiou o Gladson, pediu voto para um candidato a deputado federal do partido do governador e não apoiou a nossa candidata a presidente da República Simone Tebet. Há uma força estranha aí. Todos nós sabemos que o Vagner Sales é adversário do governador no Juruá. Então é possível que essas coisas tenham relação”.
Para o secretário-geral do MDB, Vagner tem legitimidade para seguir no comando do partido. Ele cita o exemplo do atual presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que está inelegível até 2029. Caso semelhante ocorreu com o ex-dirigente nacional do PTB, Roberto Jefferson, conforme têm lembrado outros caciques do MDB.
“Vagner foi eleito legalmente vice-presidente do MDB pelo nosso regimento. Politicamente, não tem quem possa negar a ele esse posto. É uma figura histórica do partido. Um guerreiro! Depois do Flaviano, é a pessoa mais indicada”, pontua Aldemir Lopes.
Segundo o secretário-geral, na semana que vem os caciques do MDB se reunirão para avaliar a situação e “chegar a um denominador comum”. O encontro ainda não tem data definida.
A GAZETA procurou o deputado estadual Tanízio Sá para dar sua versão sobre o processo de sucessão no MDB, mas não obteve retorno. Além disso, a reportagem buscou o Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC) para entender se a suspensão de direitos políticos e eleitorais impede alguém de presidir um partido, mas também não obteve retorno até a publicação.