Motoristas de táxi e ambulância têm significativamente menos chance de morrer de Alzheimer, aponta um estudo recente. A pesquisa sugere que as habilidades de navegação, essenciais para esses profissionais, podem desempenhar um papel importante na proteção da saúde cerebral.
No estudo, publicado no periódico British Medical Journal (BMJ) em 27 de outubro, pesquisadores analisaram os dados de certidões de óbito de quase nove milhões de adultos norte-americanos. O foco foi entender como diferentes ocupações podem afetar a probabilidade de morte por Alzheimer, a forma mais comum de demência.
As descobertas indicam que motoristas de táxi e ambulância estão entre os profissionais com menor risco de falecer por causa da doença.
Liderado pelo professor Vishal Patel, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, o estudo investigou as causas de morte de pessoas que trabalharam em 443 ocupações entre 2020 e 2022. Após ajustar os dados para fatores como a idade e outras condições de saúde, os pesquisadores descobriram que apenas 1% dos motoristas de táxi e 0,9% dos motoristas de ambulância morreram em consequência do Alzheimer, bem abaixo da média de 1,7% da população em geral.
Estimulação cerebral
A pesquisa foi inspirada por estudos anteriores que sugerem que o treinamento de motoristas de táxi, especialmente os de Londres, pode ter efeitos benéficos no cérebro. Durante o processo de aprendizagem, os motoristas memorizam as ruas da cidade, o que pode aumentar o volume de uma região do cérebro chamada hipocampo, área crucial para a memória espacial e navegação, e também uma das primeiras a ser afetada no Alzheimer.
A “navegação” se refere à capacidade de localizar e se orientar no espaço, utilizando a memória e a percepção para identificar caminhos, direções e locais.
Os pesquisadores levantaram a hipótese de que a atividade mental contínua e o processamento espacial, como o realizado por motoristas de táxi e ambulância, poderiam ajudar a proteger contra a doença.
No entanto, as descobertas não foram universais. A pesquisa não encontrou a mesma tendência em motoristas de ônibus ou pilotos de aeronaves, possivelmente porque esses profissionais geralmente seguem rotas pré-determinadas, o que exige menos habilidades de navegação.
Ainda assim, os pesquisadores alertaram que o estudo não prova que ser motorista de táxi ou ambulância causa melhor saúde cerebral. “Vemos essas descobertas não como conclusivas, mas como geradoras de hipóteses. Mais pesquisas são necessárias para concluir definitivamente se o trabalho cognitivo espacial necessário para essas ocupações afeta o risco de morte por Alzheimer e se quaisquer atividades cognitivas podem ser potencialmente preventivas”, disseram os cientistas.
Apesar de ser uma descoberta intrigante, o estudo também apresenta algumas limitações. A idade média de morte para motoristas de táxi e ambulância foi de 64 e 68 anos, respectivamente, enquanto a média para todas as outras profissões foi de 74 anos, o que significa que esses motoristas podem não ter vivido o suficiente para desenvolver Alzheimer, que tipicamente se manifesta após os 65 anos.
Além disso, a pesquisa observou que apenas 10% dos motoristas de táxi e 22% dos motoristas de ambulância eram mulheres, em comparação com 48% em outras ocupações. Como as mulheres têm mais probabilidade de desenvolver Alzheimer do que os homens, a diferença de gênero pode influenciar os resultados do estudo.
Confira a lista das 14 recomendações para prevenir o Alzheimer da Comissão Lancet 2024:
- Boa educação e estimulação mental na vida adulta;
- Aparelhos auditivos para perda auditiva;
- Tratamento para depressão;
- Proteção da cabeça em esportes de contato;
- Exercícios regulares;
- Não fumar;
- Reduzir a pressão arterial elevada;
- Reduzir o colesterol alto;
- Mantenha um peso corporal saudável;
- Reduzir o alto consumo de álcool;
- Evitar o isolamento social na velhice;
- Testes e óculos para perda de visão;
- Prevenir diabetes;
- Reduzir a poluição do ar.
Por: Metrópoles