O público da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Rio Branco começou a chegar na concentração marcada para o Skate Park, neste domingo, 1º, e segue até a Concha Acústica, no Centro da cidade.
O evento, que ocorre anualmente, é uma importante manifestação política e cultural da comunidade LGBTQIAPN+, reunindo pessoas de diferentes idades e segmentos sociais.
De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT do Acre, Germano Marino, a concentração no Skate Park atrai um público crescente. “Aqui a gente tem um determinado público que chega sempre às 15 horas para a concentração, e às 19 horas a gente dá a largada para a caminhada até a Concha Acústica”, explicou Marino.
Ele ressaltou que o evento recebe pessoas de diferentes idades, com muitas famílias e pessoas mais velhas, que preferem esperar o grupo na chegada ao local de destino.
Polêmica
O presidente também comentou sobre as polêmicas envolvendo o vereador João Marcos Luz, autor do projeto de lei para proibir a presença de crianças e adolescentes na Parada. O PL já foi aprovado na Câmara de Vereadores e aguarda a sanção do prefeito Tião Bocalom.
Nesse sábado, 30, o vereador publicou um vídeo pedindo a fiscalização do evento em relação à presença de crianças. No entanto, uma decisão da Justiça do Acre determinou que o vídeo fosse apagado, considerando que ele representava um discurso discriminatório, infringindo os direitos constitucionais de liberdade de reunião e expressão da comunidade LGBTQIA+.
Para Germano Marino, além de prejudicar o evento, a polêmica afeta diretamente a vida das pessoas. “A exposição nas redes sociais, os xingamentos e os comentários com teor de intolerância afetam nossas vidas. Não é só o evento, mas a vida das pessoas envolvidas”, declarou.
A ativista e representante da Associação dos Travestis e Transexuais do Acre, Antonela Albuquerque, também se manifestou sobre a situação. Ela considerou o posicionamento do vereador inapropriado. “Eu sou uma drag queen que tira foto com crianças, sou da primeira Parada LGBT daqui. Não tem nada de errado com as crianças participando. O vereador poderia estar fazendo outras coisas mais importantes do que fiscalizar os pais que querem trazer seus filhos.
Antonela também destacou as dificuldades enfrentadas pela população LGBT, sobretudo, as travestis e transexuais, como a marginalização e a falta de oportunidades, especialmente no mercado de trabalho. “Nós mulheres trans, é muito difícil. A gente resiste para existir mesmo. E hoje é um dia político, um dia de resistência”, afirmou.
O sociólogo André Kamai, eleito este ano para o cargo de vereador de Rio Branco, também esteve presente no evento acompanhado de sua família. Em sua fala, ele destacou o caráter político da Parada.
“Estou aqui para participar de um evento que é político, de afirmação de uma comunidade que busca respeito, liberdade e paz. A sociedade precisa aprender a conviver em um ambiente plural e diverso, e é importante trazer as crianças para esse aprendizado”, explicou.
Firmino Silva, que levou seu filho de 8 anos para a Parada, comentou a importância de se promover a diversidade e a felicidade. “Meu filho tem um canal na internet e trouxe ele aqui para gravar o vídeo em meio às pessoas. Não tenho nada contra a participação de crianças. O importante é a felicidade”, afirmou.
A Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ em Rio Branco segue até a Concha Acústica, com uma programação repleta de apresentações culturais, shows de DJs, feira da diversidade e ações de conscientização sobre saúde.
Colaborou: Juan Vicent Diaz