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Primeiro restaurante de comida Huni Kuin é inaugurado no Estado

Foto: Maria Fernanda Arival/Sete

Para além da movimentação intensa da capital acreana, no quilômetro 36 da AC-90, conhecida como Transacreana, o Centro Indígena Huwã Karu Yuxibu preparou uma grande celebração para a inauguração do primeiro restaurante de culinária Huni Kuin do Acre.

O restaurante Piti Kuin traz a gastronomia do povo e foi construído em parceria com o Instituto Alok e a empresa Gaslive. O local tem como objetivo atender a gastronomia social e o etnoturismo, promovendo e fortalecendo a identidade cultural e segurança alimentar do povo Huni Kuin em Rio Branco.

O líder espiritual Mapu Huni Kuin, que também comemorou seu aniversário durante a inauguração, agradeceu a todos os envolvidos no projeto, como o Instituto Alok, empresa Galive, e instituições como o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete), representada pela diretora de Turismo, Sirlânia Venturin, e a Prefeitura de Rio Branco, além de outros órgãos presentes.

“Quero expressar minha profunda gratidão a todas as pessoas que se empenharam, acreditaram no nosso trabalho, articularam e se movimentaram para que tudo isso se tornasse realidade. Agradeço as autoridades estaduais e municipais, às equipes que se dedicaram e a cada pessoa que se comprometeu com esse projeto. Também sou muito grato ao Alok, que sempre inspira com suas ações positivas e mesmo não estando aqui fisicamente, ele está presente espiritualmente”, disse o líder Mapu Huni Kuin.

Sirlânia Venturin ao lado do líder espiritual Mapu Huni Kuin e o diretor do Instituto Alok, Devam Bhaskar. Foto: Bruno Morais/Sete

A diretora de Turismo da Sete, Sirlânia Venturin, ressaltou que o povo indígena traz muita cultura e história para toda população do Acre e o apoio do governo do Acre, por meio da Sete e outras instituições, em iniciativas que apresentem ainda mais a cultura indígena para o público.

“Nós estamos aqui para comemorar junto com o aniversário do líder espiritual, a abertura desse restaurante para todas as comunidades. O governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo, tem apoiado essa iniciativa com o intuito de fomentar o turismo e o empreendedorismo da cultura indígena e, acima de tudo, resgatar toda essa importância que nós temos dessa história ancestral da comunidade indígena”, explicou.

O Piti Kuin fica dentro do Complexo Campo da Fartura, que tem toda a área de cultivo e de roçado que abrange as plantas nativas, dentre elas 80% são de reflorestamento. Os alimentos do restaurante serão cultivados dentro do Campo da Fatura e atenderão as crianças, idosos e gestantes atendidos pelo projeto social, com a alimentação tradicional Huni Kuin, além de ser aberto ao público para fomento do etnoturismo.

O Piti Kuin tem como objetivo preservar a cultura e garantir a segurança alimentar dos indígenas. Foto: Bruno Morais/Sete

O diretor do Instituto Alok, Devam Bhaskar, que representou também o DJ Alok, lembrou que a inauguração do restaurante é um sonho de quase três anos. “Estamos muito honrados e emocionados com essa inauguração do restaurante Peti Kuin, pois é um sonho que sonhamos junto com o Mapu. Quando ele começou a gravar com o Alok, a gente começou a conversar sobre que projetos faríamos aqui no Centro Huwã Karu Yuxibu, e de lá para cá, a gente tem vindo com esse projeto. Temos projetos de agrofloresta para começar aqui em janeiro do ano que vem”, disse.

“No restaurante a gente põe muita expectativa que esse projeto ajude a realizar o sonho do Mapu de preservar a cultura culinária Huni Kuin, além de atender os parentes que moram aqui próximos, que vêm pra cá para a cidade. É um momento muito emocionante para a gente”, finalizou Bhaskar.

Devam Bhaskar é diretor do Instituto Alok e representou o artista durante a inauguração. Foto: Bruno Morais/Sete

Mapu Huni Kuin também explicou que o Piti Kuin tem como objetivo colocar alimento de qualidade e resgatar as tradições do povo Huni Kuin que está na cidade, principalmente em Rio Branco, centro urbano mais próximo do restaurante.

“Estamos trabalhando bastante para que possamos voltar a colocar o alimento de qualidade na nossa mesa, que vai garantir a nossa saúde, por isso tudo que a gente for comer aqui é o que está em nossa volta, fruto do Campo da Fartura, e o restaurante é um espaço que celebra essa cultura e gastronomia tradicional do nosso povo”, frisou.

Povos Huni Kuin

Segundo os dados sócio-ambientais da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a etnia Huni Kuin está presente em todo o Brasil, com mais de 14 mil pessoas. As estatísticas da Comissão Pró-Indígena de 2019, apontam que 7.202 indígenas moram na cidade de Rio Branco e muitos deles estão à margem da sociedade em situação de vulnerabilidade social.

O projeto da Associação do Centro Indígena Huwã Karu Yuxibu atende 210 indígenas, dentre os 7.202 que vivem em situação de vulnerabilidade, que estão fora das suas terras indígenas e moram na cidade.

Os indígenas fizeram uma apresentação cultural durante o evento. Foto: Maria Fernanda Arival/Sete

Durante o evento de inauguração, a nutricionista responsável pelo restaurante, a professora do curso de Nutrição na Universidade Federal do Acre (Ufac), Eline Oliveira, conhecida como Mukani, fez uma breve apresenção antropológica e nutricional do menu de inauguração. Além disso, Mapu Huni Kuin também fez a apresentação do Complexo Campo da Fartura, onde funciona o restaurante e está toda a plantação dos alimentos usados no restaurante.

No menu da inauguração os pratos disponíveis eram mandioca com amendoim, mandioca com folha, piau muquinhado, tambaqui assado, tambaqui cozido, farofa de banana verde, açaí, mingau de banana com amendoim e suco de fruta da época.

Mukani é professora na Ufac e responsável pela parte de nutrição do restaurante. Foto: Bruno Morais/Sete

“Os amendoins vem trazendo toda a parte da proteína dos alimentos e as gorduras saudáveis. A folha da mandioca que vem na própria mandioca é rica em cálcio, potássio e flavonoides, que vão prevenir o câncer, fortalecer também a dentição e dá energia também. Nós temos peixe, que além de dar saciedade, tem essa questão da vitalidade dos indígenas de trabalhar e tem gorduras boas, que nosso organismo precisa. Outros pratos, o açaí, que todo mundo consome, riquíssimo também em antioxidantes. Hoje o prato que a gente vai trazer hoje é riquíssimo em flavonoides, antioxidantes, cálcio, potássio, gorduras saudáveis, gorduras boas para o nosso organismo e bastante carboidrato”, explicou Mukani.

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